quarta-feira, 21 de novembro de 2018

A longa estrada

A estrada é tão longa.
Tão longa que mal posso ver o seu fim.
A estrada é traiçoeira.
Tão traiçoeira que mal posso me descuidar de mim.

Caminho tão só.
Sozinho me canso de caminhar.
Caminho tão triste.
Tristonho nem posso sonhar.

E caminhando me perco,
Me acho, me esqueço.
E caminhando padeço,
Corro o risco e pago o preço.

Ai de ti alma perversa,
Ai de que me ignora.
Ai de ti anjo que não me guarda.
Ai de ti que por mim não ora.

Verá que em minha estrada,
Nesta caixa de pandora.
Há de surgir a esperança,
E com ela vou-me embora.


Dy’ Paula

   Imagem CC0 1.0 Universal. Dedicado ao Domínio Público. 

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Pílula

Toma a pílula
A pílula da felicidade
A pílula do teu sono 
A pílula do teu prazer

Engolindo tua felicidade
Toma teu veneno diariamente
A pílula do teu trabalho 
A pílula do teu estudo

Toma aquilo que te acalma
O frasco com a tua tranquilidade
A pílula do teu foco
A pílula do teu esforço

Toma a pílula que afasta teus demônios
Que controla teus desejos e sonhos
Afinal pra que te auto conhecer?
Basta continuar com tuas pílulas

Toma a tua pílula que enriquece os gananciosos
A pílula que te dá de bandeja 
A pílula que te apazígua
que te adestra ao trabalho

Toma a pílula que te tira a dor
que te tira a humanidade
A pílula que te afasta da enfermidade
Mas que te amarga para o mundo


Toma a pílula que te acorrenta
Que te toma como escravo
Viva muito, se afaste da morte
Mas viva tomando tua pílula


Manzi, J.G. 





   Imagem CC0 1.0 Universal. Dedicado ao Domínio Público. 

Democracia

Tu és tão juvenil
Mas já tens tanto martírio.
Corre-te o risco de nunca te ver a maturidade.
Nasces-te em solo se injustiça

Neste solo de terra sequestrada.
Terra arrancada de teus nativos.
Solo de pretos e pretas sequestrados.
Forçado ao trabalho e depois abandonados.

Tu és tão juvenil
Frágil que ainda não tocas a justiça
Pois, é o poder que te alimenta.
De veneno que mata teus filhos.

Encontra-te nas mãos de senhorios.
Que com o néctar de sangue do povo
Se deliciam em tuas fortunas longínquas.
Estes pulsos abertos alimentam tamanha ganância.

Tu que é tão jovem e quase terminal.
Pior são aqueles que se fazem de cegos.
E te abandonam a desgraça que não os alcança
Estes servem-te dê bandeja as sombras dominantes.

Tu que já foste tanto abortada.
Ainda não vislumbraram teu rosto.
Os famintos e famintas, os explorados  e exploradas,
os pretos e pretas, os nativos e nativas.

Que são marcados de marginais!
Por aqueles que se alimentam do manjar de teus sangue.
Tu irmã, Justiça, ainda não se faz presente.
Abandonou-te desta terra de sedentos pelo suor de teus filhos.

Tu que és tão frágil.
Neste tempo de ódio e cegueira, te peço.
Que te apegue àqueles que por tu lutas!
Agarra-te e amadureça nestas terras injustas.

Democracia, que possa florescer e amadurecer.
Que possas servir de justiça aqueles que tanto foi tirado!
Que poças igualar aqueles que tanto lutam!
Que tanto suor e sangue um dia, por ti, encontrem a liberdade.


Manzi, J.G..

Encontre no Sarau Aberto