sexta-feira, 12 de junho de 2020

Café de todas as manhãs

Deveria ser eu
a controlar minha mente,
suportar meus sentimentos,
sentir minha dor,
salgar a boca com minhas lágrimas.
Mas fracassada me sinto
ao perceber que um dia sem ela,
aquela que a todo meu ser controla
e suporta,
me perco no abismo
que criei dentro de mim.
Não pertenço a lugar
ou pessoa alguma,
nem a mim mesma.
Mas você me tem
de um jeito que não consigo
negar.
A felicidade contemporânea
é uma pílula
no café da manhã.

Ana Carolina Martins, 

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Mar de cruz

Viajo em passos perdidos.
Esperando um raio de luz.
As lágrimas em um rosto escondido.
Vendo-me em um mar de cruz.

Vejo rotas e fugas, sem rumos,
A esperança do coração se esvai.
Guiado pelos meus surtos,
Só mais um corpo que cai.

Toca as notas de um pesar,
Com um coração cheio de ânsia.
Escrevo pra não desabar, 
Enquanto velejo pela desesperança. 

E assim se passa mais dia
E o tempo hoje, já não é mais o mesmo.
No reino da covardia,
Todos seguimos a esmo. 

Manzi, J.G.

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Mar da desesperança

Você ouviu este silencio?
Parece ter cheiro de nada.
De água densa, parada,
Nada parece ali viver.


Você viu este invisível?
Parece ter gosto de nada.
Cor de sangue, palpável,
Nada parece temer.


Eu mesmo nada ouvi,
O que ouvi, calei.
Ceguei-me diante da vida,
Que sempre senti falta em mim.


Em meio às águas revoltas,
Com medo de perecer,
Testemunhei os fracos caídos,
Sentindo-me fraco por não desistir.


Os navios se emparelham,
Empurram as águas do mar.
Amontoando os cadáveres,
Que teimam em se amontoar.


A esperança se vai,
Uma a uma ela se esvai.
Fazendo sumir o vazio,
Que de meu peito nunca sai.


Afogo-me no mar da desesperança,
Na espera de não mais viver,
E esperançoso, desespero-me,
Pois a desesperança não me deixa crer.


Dy’Paula
05/06/2020

Encontre no Sarau Aberto