quarta-feira, 29 de julho de 2020

Mapinguari (especial folclore)

No dia santo, quando saí a caça.
No meio do mata, com o sol ao alto.
Com um grito, surgiu de repente. 
Minha curiosidade, minha ruína.
Árvores caiam, a terra tremia, pedras partiam.

A cada passo um estrondo.
Então ele surge, ruge. 
Brota no meio das arvores.
Com um olho na testa, peludo e gigante. 

Na barriga sua boca.
Cheia de dentes, ainda com sangue.
Hálito podre, garras pontudas, afiadas.
Que estilhaça, esfarrapa. 

É ele, gigante, Mapinguari.
O que me restou, foi a prece.
Meu fim, então, chegara.
Minha vida ali, triste, se findara.

Balaços disparados.
Tanto barulho e fumaça, 
mas nenhum ferimento causado.
Não tinha jeito, ali minha desgraça.

Nem é homem, nem é bicho.
Vem correndo a mim.
Como uma fera esfomeada.
Gritando, rugindo, grunhindo.

Em dia santo não se caça. 
Em dia santo não se trabalha.
Minha teimosia, meu mal,
mas a fome aperta no seringal.

É ele, Mapinguari.
Caí em oração, orei pra todos os santos
Mapinguari.
Um milagre implorei em prantos.

Nunca mais trabalho em dia santo.
Poupa minha vida, Mapinguari.
Nunca mais trabalho em dia de descanso.
Clemência a este tolo, Mapinguari.

De joelhos por piedade.
Minhas preces atendidas. 
No meio da árvore, 
ali o bicho-preguiça.

Mapinguari com mais um grito.
Fugiu pra outros lados, 
sumiu no meio da mata. 
Não trabalho mais em dia santo, 
Foi meu santo, o bicho-preguiça. 

Manzi, J.G.

Art by Joe Santos ©

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