quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Mazelas

Se um dia este teu silêncio falar,
Quem sabe poderá revelar as mazelas da vida.
Se um dia este teu olhar te enxergar,
Quem sabe poderá descobrir o vazio de ser.

Qualquer dia destes volto às tuas entranhas
Para redescobrir a essência da vida
Que por sua vez me cuspiu ao mundo
Sem pelo menos pedir-me perdão.

Formou-se então esse homem calejado,
Que já sem pudor e nem dor,
Sobrevive num mato que nunca teve cachorro
Caçando aquilo que nunca perdeu.

Quem dera pudesse entender-te
E mesmo sem te compreender, aceitar as mazelas.
E fazer valer as inverdades da vida
Que pela goela me descem sem que eu possa cuspir.

Dy´Paula

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

O mar

A brisa marítima que traz novos ares. 
Nas areias brancas inspiro por novidades. 
O aroma suave que me corteja. 
Vejo ondas quebrando, transbordando beleza.

O mar me lembra da vastidão do mundo. 
Empurrando-me em um devaneio profundo. 
Desejo somente apreciar sua majestade. 
A majestosa crista que chega as praias em liberdade.

Ouço o lamentar do vento ao tocar a encosta. 
Seu lamentar se converter em chuva penosa. 
Ao deixar o mar o vento sofre de saudade. 
O sopro sobe e grita, pois ao mar pertencia sua lealdade.

Banhar-me em suas águas frescas. 
Acolhendo-me em suas frias profundezas. 
Olho o brilho se fundir à escuridão. 
Então agora repouso na vastidão.

Manzi, J.G

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Paixões

Das grandes paixões que um dia tivemos, algo intenso e prematuro. 
Das grandes paixões, algo que jamais imaginávamos viver sem. 
Das grandes paixões que de fato foram criadas para nos ensinar a perder. 
Demasiada dor, sem sequer um toque de esperança ou doçura, 
Dor na qual você entrega metade de si mesma. 
A outra metade em si ainda busca conhecer a felicidade, 
Esta, que nos cobra um alto preço, para apenas nos conhecer. 


Ana Motta

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Sonho

Soberano sonho
Sonho, sedutor sonho
sonhar pela senhora
Sonho o senhorio subjugado
o servo, sonho, sublime sobrevir

Sobre sonhos soberanos
sonhos submetidos aos senhores
Sobrepujados, sonhos, servos sonhando. 

Sonho, sorrindo, sentir o sabor suave
Sonhar, semeando, sua satisfação 
Sonho saboreando
 o sucesso de sentir sua sedução

Sonho sossegado no sotão
Sapiente e só 
Só, sonho, sensato e sorrateiro à sorrisos 
Suplico, sonho, soterra-me sob a sombra
Sombra, serena, sombra sentada ao solo
Solo, sonho no solo, o sono  submergido 
Só, para sempre sonhando só

Manzi. J.G.


quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

No lixo do brasileiro

No lixo do brasileiro, tem mandinga,
Tem pandeiro,
Tem poesia,
Tem dinheiro.

No lixo do brasileiro tem comida,
Tem riqueza,
Tem emprego,
Tem pobreza.

No lixo do brasileiro tem cachorro,
Tem patente,
Tem cultura,
Tem a gente.

No lixo do brasileiro tem o lixo,
Tem poder,
Tem desprezo,
Tem saber.

No lixo do brasileiro tem ninguém,
Tem alguém,
Que não sabe quem que é quem
Que vem além.

No lixo do brasileiro tem o bicho,
Tem o povo,
Tem o nicho,

Tem saída.

Dy´Paula

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Retrato

Hoje retornei ao passado
Teu retrato admirei
A uma saudade me apeguei
Coincidência este meu estado?

Lembrança doce e carinhosa
Da forma bela e perigosa
Saudade do toque e do beijo
E de me encher de desejo

Lembro das noites escondidas
Das delicadas mordidas
Dos toques as escuras
E dos abraços de ternuras

E a saudade me venho assim
Tão ávida e intensa
E nem sei se em mim pensa
Mas a sinto perto de mim    

Aqueles olhares agudos
Éramos tão jovens e sortudos
Tudo tão intenso e juvenil
Hoje me sinto mais vil

Mas sinto você ao meu lado
Não perdida no passado
Pra onde foi? Ou está indo?
Pois afeição ainda sinto

Pra não o dizer uso afeição
Pois me prendo ainda a razão
Amor é muito vivo
E ainda desmedido


Manzi, J.G.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Pátria amada


Onde está aquele povo
Heróico, bravo e retumbante?
Onde está o sol da liberdade
Que brilhou em certo instante?

Onde está aquele peito,
Que outrora desafiou a própria morte?
Onde está o penhor da igualdade
Que dissera conquistar com braços fortes?

Há pátria amada!
Onde está teu berço esplêndido?
Teus campos, tuas flores,
Teus amores?

Cadê a paz que me prometestes?
Cadê a glória que me deixastes?
Cadê teu filho que não foge à luta?

Cadê tua luta?

Dy´Paula

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