terça-feira, 24 de agosto de 2021

Mar da desesperança

Você ouviu este silencio?
Parece ter cheiro de nada.
De água densa, parada,
Nada parece ali viver.

Você viu este invisível?
Parece ter gosto de nada.
Cor de sangue, palpável,
Nada parece temer.

Eu mesmo nada ouvi,
O que ouvi, calei.
Ceguei-me diante da vida,
Que sempre senti falta em mim.

Em meio às águas revoltas,
Com medo de perecer,
Testemunhei os fracos caídos,
Sentindo-me fraco por não desistir.

Os navios se emparelham,
Empurram as águas do mar.
Amontoando os cadáveres,
Que teimam em se amontoar.

A esperança se vai,
Uma a uma ela se esvai.
Fazendo sumir o vazio,
Que de meu peito nunca sai.

Afogo-me no mar da desesperança,
Na espera de não mais viver,
E esperançoso, desespero-me,
Pois a desesperança não me deixa crer.

Dy’Paula

05/06/2020

Pacifismo

Chega de tantos ismos!

Derivando pejorativamente palavras

Que antes pareciam haver sentido

Mas que agora parece um histerismo.

Chega de tantos ismos!


Já não suporto nem o do capital e nem o do social.

Temos que liberar o liberalismo do populismo

Que prefixa a imoralidade do que há muito já não é mais popular.

Chega de tantos ismos!


Que transformam nomes próprios em movimentos ideológicos,

Relegando-nos, pobres mortais, ao imobilismo diante do totalitarismo,

Como se a divergência fosse crime capital,

Cabendo em seu lugar, cruz credo, o espectro do fascismo.

Chega de tantos ismos!


Não quero existir estereotipado,

Seguindo padrões dos quais não concordo,

Nem conformado com o conformismo

De um povo politicamente estéril

E historicamente fragmentado pelo ignorantismo.

Chega de tantos ismos!


Vamos de uma vez por todas libertarmo-nos destes idealismos,

E conectarmo-nos com o pragmatismo,

Valorizando as relações, o bem-estar e o bem comum,

Para que possamos viver, você e eu, em paz.


Dy’Paula 

Encontre no Sarau Aberto