terça-feira, 24 de agosto de 2021

Mar da desesperança

Você ouviu este silencio?
Parece ter cheiro de nada.
De água densa, parada,
Nada parece ali viver.

Você viu este invisível?
Parece ter gosto de nada.
Cor de sangue, palpável,
Nada parece temer.

Eu mesmo nada ouvi,
O que ouvi, calei.
Ceguei-me diante da vida,
Que sempre senti falta em mim.

Em meio às águas revoltas,
Com medo de perecer,
Testemunhei os fracos caídos,
Sentindo-me fraco por não desistir.

Os navios se emparelham,
Empurram as águas do mar.
Amontoando os cadáveres,
Que teimam em se amontoar.

A esperança se vai,
Uma a uma ela se esvai.
Fazendo sumir o vazio,
Que de meu peito nunca sai.

Afogo-me no mar da desesperança,
Na espera de não mais viver,
E esperançoso, desespero-me,
Pois a desesperança não me deixa crer.

Dy’Paula

05/06/2020

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