sexta-feira, 27 de outubro de 2017

A Praça

Naquele banco, um simples banco, 
Um banco como um banco qualquer. 
O banco em que nasceu meu amor, 
Onde esperou meu amor, 
A esperança ainda não acabou. 
Quem dera se esse banco falasse, 
Talvez pudesse consolar minha dor. 
Naquela praça, uma simples praça, 
A praça onde encontrei o meu amor, 
A praça onde me encontro, 
Onde realmente nos encontramos. 
Somo três, três vidas, três almas, 
Três amores, três dores, três campeões. 
A mochila, o caminho escuro de onde surge o vermelho, 
Meu companheiro. 
A praça, o banco, minha poesia, sua canção, nossa solidão. 
Juntos somos na verdade uma legião, 
Legião urbana, desumana, legião da razão. 
São tantos personagens, amores, perdições, 
São tantas vitórias, prazeres, paixões. 
São tantos, 
Somos três, 
Veja! Sobrou nós três. 
A praça, o banco e vocês. 
Só nós três

Dy´Paula

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Máscaras

Vivemos em mundo de máscaras
Quem não as usa fica vulnerável
Se torna o monstro quem se escancara
Ser sincero se torna censurável

Em um mundo de atrocidade
O maior pecado é não ceder a ninguém
Pagar o preço da autenticidade
É preferível se moldar às ideias de outrem?

As máscaras se tornam as matrizes
As faces desejadas pelos ignorantes
As vestes falsas cobrem corpos infelizes
Enclausurados nas peles farsantes

Os audaciosos que rompem os disfarces
São julgados por sua legitimidade
De não ocultar suas faces

Mas quem aguenta viver sem identidade?

Manzi. J.G.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Na mata

Lembrança que não se esgota
Do verde abundante e calmo
Do cheiro doce da amora
O canto dos  pássaros como ensalmo

A brisa suave no rosto
Me aconchegando na árvore
Da fruta seu doce gosto
Longe do frio do mármore

Saudade de pelas folhas olhar o sol
Na natureza escutar ao fundo o riacho
Purificando-me como a prata no crisol
O frescor que me quieta o facho

A falta do aroma da madeira
Do cair da noite com seus grilos
Aguardando a chuva criadeira
E a mente assim medita junto aos trilos

E assim me encontro na mata
Ao som suave da viola
Na fogueira que o frio arrebata

E é assim que a saudade da mata assola

Manzi, J.G.

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Aos Mestres

A humanidade há muito busca a eternidade
Homens são eternizados em grandes obras
Livros que alcançam a posteridade
Volumes cravaram letras rubras

Mãos que transpassam o tempo
Que levaram os homens além dos séculos
Trouxeram as culturas seu supempo
Deram aos olhos seus crédulos

Almas que se eternizam com sangue
Que cravam seus nomes nas lutas
Que deixaram seus corpos exangue
Depois de se exaurirem nas labutas

Mas há os mestres
Que repousa naquele que não se conforma
Que se eternizam como artes rupestres
Cravam seus saberes além da mera norma

Mestres que dão encanto ao ensinamento
Que têm sua essência a esperança
Que seguem construindo seu monumento
Aprendendo e ensinando, se firmando na lembrança

Mestres que mesmo em condições tão adversas
Laboram cotidianamente buscando a transformação
As mentes nas desigualdades imersas
Mas o sonho segue e se firma na ação

Manzi, J.G.

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Cantos, goles e tragos

Os carros vão passando 
Estou em mais um gole
O luar está me esperando 
Enquanto exalo o fogo do meus pulmões 


As pessoas ao redor riem 
Por um instante parecem felizes 
Mas as vezes o exagero das risadas 
Escondem os olhos tristes 


Mais um gole e não descanso 
Minha mente não fraqueja
Sei onde quero estar, 
sei com quem quero estar
Então sobre a luz do luar sigo só 


Seria a timidez talvez 
Ou simplesmente o gosto de seguir sozinho 
Mas sigo me acompanhando, observando e matutando 


Mais um gole e não me sinto embriagado
A música suave no fundo 
Me remete a delicadeza de alguém 
Está na hora de mais um trago


Minha amada boêmia 
Quanto encanto você tem
Entre goles, tragos, cantos e abraços 
Me faz político do proletariado 
Poeta dos apaixonados 
Mestre dos interessados 
Amigo do abandonado 


Perecerei entre teus braços, boêmia 
Mas existe partida melhor entre abraços, cantos, goles e tragos? 

Manzi, J.G.









quarta-feira, 4 de outubro de 2017

(Des) encontros

Quantas noites passei chorando
Tantos bares me encontrei vagando
Me aventurei em becos escuros
Buscando desejos noturnos

Tentando encontrar a serenata certa
 Deixando a melodia em alerta
Implorando pela dádiva das flores
presente com as mais lindas cores

Mas nem a mais bela e perfumada flor
Meu anjo,  nada se compara ao teu valor
Me perdendo em tantos goles
Explorando por tantos vales

Amar-te é apreciar das coisas mais simples ao mais majestoso
O amor que sempre assume gosto de mel tão penoso
Amar-te é te encontrar nos meus gestos
Respirar, andar e sonhar até no que sobrar de meus restos

Pois de tanto vagar me entregando a própria sorte
Quero que o meu amor sobreviva até a além da morte

Manzi, J.G.








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