terça-feira, 21 de novembro de 2017

Cor Preta

E pela ganância do homem europeu
Foi-te arrancada do berço teu
Manchaste o azul do atlântico com teu sangue e carne
E nesta terra de abundância e atrocidade atracaste
Para servir aos homens brancos
Os nativos desta terra há tempos derramaram prantos

Por séculos o chicote estrala
Do pelourinho ao estupro na senzala
Dando a vida, o trabalho, o espírito
Com normas, leis, brancos prescritos

Construístes essa terra pela sua agonia
Mas com bravura também resistia
Mortos enterrados onde nem deus sabe
Pois há muito desejou que a tortura acabe

Mesmo com a áurea firmada
Que mais por interesses elitistas libertara
Ainda pagam o preço no tempo presente
Com a hipocrisia do homem que a injustiça consente

Quanta glória há no que herdamos de tua terra
Desde seu candomblé até a arte da capoeira
É de ser ter orgulho em ter teu sangue em minhas veias
Mas não reparará o sangue derramado pelo tempo e suas areias

Ainda tens que aguentar as injúrias de um povo branco
Povo branco e mesquinho enraizados em tradições que também herdamos
Ainda sofre, pois é a tua cor que tem as prisões
E os mesquinhos brancos ainda vendem suas ilusões

Ainda é da cor preta os corpos dos jovens assassinados
E o embranquecimento levam os homens alienados
Também a falta desta cor preta nas salas acadêmicas
A entrada nas salas elitizadas tem tom de injustiça endêmicas

Ser preto é lutar todos os dias
Para desafiar a falácia de democracia
É resistir todos os dias com orgulho da cor preta 


Manzi, J.G.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Encontre no Sarau Aberto