segunda-feira, 27 de novembro de 2017

(Homenagem ao poeta de "Cisnes" Júlio Salusse) (1872/1948).

E na dança de um baile no Cassino
Pôde cruzar seus olhos com o divino
O anjo de cor dourada de castelã
Olhos negros, cabelos lindos e corpo louça

E em mais uma noite foi agraciado
O anjo deu graças em mais um baile estimado
Com suas vestes de rendas
Vieste de onde e de quem descendas

Pois tal esplendor a este mundo é revogado
Doce anjo, traz um sonho a tanto negado
Teus olhos atenuam a alma
A leve brisa que acaricia as faces e traz calma

A chuva que há muitos dias regam as flores
Enclausuram os tempos indolores
Então no tédio o anjo dourado vem em sonho
A alegria toma mais uma vez o coração tristonho

Então diante da chuva que não sessa
Uma afetuosa lembrança o peito atravessa
Delicado fruto que toma o peito diante do rio
Minutar a confissão é caçar o calor para sobrepujar o frio

Eis então que o soneto traz à lembrança
Da forma à amada e acarreta esperança
E da formosura das letras nasce os cisnes
Que dão cor aos dias a tantos tisnes

O poeta tem seu peito renovado com alegria
Um novo baile glorifica o dia
Pois o poeta irá celebrar seu anjo de olhos escuros
Pronto para fincar seu pé em porto seguro

Dança, conversa e ama, mas o julgamento limita o poeta
As palavras não dignificam a luz do corpo que dá forma a silhueta
A formosura da amada tem tamanha gloria
Que o amante não se vê além da escória

O doce anjo para o poeta era imortal
Que melhor forma o amor se torna atemporal?
Que não pelas palavras grafada e imortalizada
Pois para sempre por elas Laura será lembrada 

Manzi, J.G.

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