segunda-feira, 30 de julho de 2018

Rubem Alves


Esta noite comi Rubem Alves.
Com tanta fome e voracidade
Que quase nada sobrou.
Comi na sala, no quarto,
O devorei até na hora de jantar.
Que gostoso é Rubem Alves,
Que bom foi comê-lo,
Depois de encher-me dele,
Senti-me vazio, quase nulo,
Com a certeza que nada sei,
Mas que tudo posso através de meus sonhos.
Ao comer Rubem o escutava gritar.
Gritava um grito desesperado
Alertando-me para o quão dolorido é a ignorância.
Deu-me vontade de, como ele,
Sair no sentido oposto aos fugitivos
Que em seu próprio mundo fogem de si.
Ao folhear sua alma descobri que
A poesia não se interpreta,
Reescreve-se, revive-se o momento.
Já guardado em ti.
Descobri ainda, que a poesia tem movimento.
E que assim como a canção,
Foi feita para relembrar-nos daquilo que já nos esquecemos.
Comi sim e deliciei-me,
Pois Rubem não se lê,
Se Come e se goza
E se descobre o tesão de aprender a viver.

Dy´Paula


imagem de domínio público 

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Repente

Vês que belo navio,
Vês as ondas no mar,
Vês que belo sorriso,
Veja que belo olhar.

A noite está fria,
O sol já vai raiar,
O meu peito está vazio,
Só quero te reencontrar.

Ainda ontem me lembrei de nós,
Um maroto sorriso surgiu.
Lembrei-me de nossos momentos,
Que de repente sumiu.


Dy´Paula

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Resistência

Resisto...não me limito a você!
É o que quer não é?!
Que eu viva sempre a sua mercê?!
Não, chega de opressão, já foram milênios de escravidão!
Resisto...não me limito a você!
É o que quer não é?!
Que eu viva a sua vida sempre a sofrer?!
E eu, o que sou?
Sou muito além do que possa imaginar, por isso digo, não irá me limitar!
Resisto...não me limito a você!
É o que quer não é?!
Que eu viva sempre a absorver?!
Seu ditos machista de uma sociedade egoísta!
Resisto...não me limito a você!
É o que quer não é?!
Que eu viva nessa hipocrisia?!
Não, meu mundo não é de fantasia, meu mundo, minha vida é real!
Dou um duro danado para não ter uma vida banal!
Resisto...não me limito a você!
É o que quer não é?!
... mercê
...sofrer
...absorver.
Não, resisto a tudo isso!
Resisto...não me limito a você!
É o que quer não é?!
E eu, o que quero?!
Quero o direito de viver, de crescer, de aprender, de desenvolver...de querer o que eu quero!
E eu, o que quero?!
Ser mulher, ser livre...ter igualdade e felicidade, autenticidade e identidade, no mais apenas liberdade!
Resisto...não me limito a você.

                    Nadja Silva



     Imagem CC0 1.0 Universal. Dedicado ao Domínio Público. 



sexta-feira, 13 de julho de 2018

Toda Saudade

Saudade
De cantar desafinado aquela mesma música de toda vez.
Saudade
Do gosto doce, lambuzado,
como todas e tantas vezes a gente fez.
Saudade
Do vidro embaçado, amor desesperado, perigo declarado, da nossa insensatez.
Saudade
Menino acanhado, do teu jeito assanhado
De brincar todo o tempo, com sua timidez.
Saudade
Das nossas histórias, dos planos, memórias.
Das pernas em laço, da nudez sem embaraço
Do sono tranquilo, respirando em compasso.
Saudade
De fechar os olhos, grudar nossas bocas, esquecer a hora, viajar no tempo, viver feliz, o agora.
Saudade
De mal fechar a porta, deixar no chão a roupa toda, e num só momento, toda a saudade morta.
Saudade...

Anônimo 


De(ux)vaneios

O futuro é louco, tem um quê de fogo, fogo q não é pouco...deixa os labirintos ainda mais confusos interferindo na prudência do presente deixando este fogo ainda mais ardente!
O fogo traz movimento
Nos inunda com o calor a cada momento
Nos abastece de vida
Nos prepara para enfrentar a lida
Nos enche de emoções
Que revigoram os corações
O futuro com seu quê de loucura, vem trazendo a vida ainda mais doçura
Mas este fogo teima em arder deixando os corações sempre a sofrer
Corações tatuados a ferro quente
Corações tatuados dentro da gente
A dor do amor ninguém cuida, pois é!
Nem doutor, nem pajé
Mas quando, no futuro, o amor acontece
A gente logo esquece
E a malvada dor desaparece!

Nadja Silva/André Brochieri



     Imagem CC0 1.0 Universal. Dedicado ao Domínio Público. 

terça-feira, 10 de julho de 2018

Reencontro


Tão longas foram estas datas
Que passei longe de ti.
Tão longo será o amanhã
Que estou prestes a descobrir.

O tempo está estático,
Teimoso como ele só.
Consumo-me a cada segundo,
Estou me reduzindo ao pó.

Já não tenho mais a quimera
De ser feliz sem seu olhar.
Já não tenho mais a quimera
De um dia voltar a sonhar.

As pessoas que me circundam
E me admiram em minha intensa solidão
Ao certo nem imaginam
Como sofre esse meu coração.

Cada dia, cada noite,
Cada gesto, cada olhar,
Por mim passam despercebidos
Pois não consigo mais vivenciar.

Minha vida está vazia
Tão quanto esse peito meu.
Meu olhar está vagando
A procura dos olhos seus.

E vagando eu sigo só
Na angústia de te encontrar,
De poder ouvir sua voz
E em seus braços me reencontrar.


Dy´Paula


     Imagem CC0 1.0 Universal. Dedicado ao Domínio Público. 


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