quarta-feira, 18 de março de 2020

Tristeza

Já fui insano por ti cortejar.
Cortejada, quantas vezes me ignoraste.
Mas de ti fui atrás cegamente.
Como um inseto que se atira ao fogo.

Abraçaste-me como se já não fosse possível soltar.
Como se agora foste parte de mim eternamente.

Cortejei-te, mas conheci teu gosto amargo.
Conheci teu peso por onde caminhei.
Tentaste assombrar meus sonhos e desejos.

Mas agora não a quero mais.
Não suporto teu gosto, fedor, peso e aperto no peito.
Tristeza, portanto chegaste a hora de partir, pois já não somos um. 

Tristeza, podes me deixar no porto e segues pelo oceano. 
Volte, mas brevemente, apenas para me lembrar de que tenho um coração e que ele sangra. 

Tristeza, podes me deixar que não a evocarei. Apenas nos momentos em que outro alguém me ferir pensarei em ti, mas brevemente, apenas para me lembrar de que tenho um coração e que ele chora.

Tristeza. Podes me deixar agora.

Manzi, J.G.

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