Depois de chibatadas, nas noites
açoitado no tronco,
então mais chibatadas
madrugada adentro de açoites.
Senhorzinho cruel
A ganancia o consumiu a alma
Mais tortura e castigo,
Logo eu, que tanto fui fiel
Cadê meu ouro! ele dizia
Mais castigo e a chibata estrala
Sofrimento e sangue do meu couro
Pés descalços, solidão, por tantas estradas
Cansado de buscar pelo ouro
Depois de tanta rezas e trevas
Pedi a minha Mae D’ouro
Medo de que me arranque mais couro
Mãe D’ouro! Indica-me o caminho.
Traga-me à luz o ouro,
Que está adentrado à terra
Mãe D’ouro! Aponta-me o caminho.
Então, ela com seu dourado pujante
Coberta de formosura e beleza
Com sua pele de fogo ardente
Cabelos negros e olhos flamejantes
Ajoelhei-me diante de sua presença majestosa
Com a voz doce e um olhar de fúria
Cada cicatriz em meu corpo ela mirava
Com as mãos de fogo a minha pele toca, tão amorosa
Como uma mãe que livra esse mau agouro
a escuridão do meu pesar se afasta
e enfim uma esperança à minha sina
Mãe D´ouro, onde está o ouro?
Como um raio que corta os céus
Ela desaparece e ressurge a várias distancias
Corro atrás com um desespero que me engole
então vejo a terra retirar seus véus
Ali! onde a mãe apontara repousa o ouro latejante
Enfim minha demanda acabara
e os castigos me serão poupados em recompensa
Ali! repousa a ambição repulsante
Minha senhora me fez prometer
Leva o ouro que quiser,
Mas nunca revele seu local de repouso
Livra-te da cruel e perversividade daquele ambicioso!
Assim será feito para minha senhora
Carregarei o ouro para saciar meu patrão
Poupar minha vida e minha lamentação
Graças a Mãe D´ouro, poupara minha vida por hora.
Manzi, J.G.
Art by João Gabriel Manzi©
Para saber mais: https://www.todamateria.com.br/mae-de-ouro/