terça-feira, 18 de agosto de 2020

Mãe D’ouro (especial folclore)


Depois de chibatadas, nas noites

açoitado no tronco, 

então mais chibatadas 

madrugada adentro de açoites. 


Senhorzinho cruel 

A ganancia o consumiu a alma 

Mais tortura e castigo, 

Logo eu, que tanto fui fiel 


Cadê meu ouro! ele dizia

Mais castigo e a chibata estrala

Sofrimento e sangue do meu couro

Pés descalços, solidão, por tantas estradas


Cansado de buscar pelo ouro 

Depois de tanta rezas e trevas 

Pedi a minha Mae D’ouro

Medo de que me arranque mais couro 


Mãe D’ouro! Indica-me o caminho. 

Traga-me à luz o ouro,

Que está adentrado à terra 

Mãe D’ouro! Aponta-me o caminho.


Então, ela com seu dourado pujante

Coberta de formosura e beleza 

Com sua pele de fogo ardente

Cabelos negros e olhos flamejantes 


Ajoelhei-me diante de sua presença majestosa

Com a voz doce e um olhar de fúria 

Cada cicatriz em meu corpo ela mirava

Com as mãos de fogo a minha pele toca, tão amorosa


Como uma mãe que livra esse mau agouro

a escuridão do meu pesar se afasta 

e enfim uma esperança à minha sina

Mãe D´ouro, onde está  o ouro?


Como um raio que corta os céus

Ela desaparece e ressurge a várias distancias 

Corro atrás com um desespero que me engole

então vejo a terra retirar seus véus 


Ali! onde a mãe apontara repousa o ouro latejante 

Enfim minha demanda acabara

e os castigos me serão poupados em recompensa

Ali! repousa a ambição repulsante


Minha senhora me fez prometer

Leva o ouro que quiser,

Mas nunca revele seu local de repouso

Livra-te da cruel e perversividade daquele ambicioso!


Assim será feito para minha senhora 

Carregarei o ouro para saciar meu patrão

Poupar minha vida e minha lamentação

Graças a Mãe D´ouro, poupara minha vida por hora.


Manzi, J.G.


Art by João Gabriel Manzi©

Para saber mais: https://www.todamateria.com.br/mae-de-ouro/

 










quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Romãozinho (especial folclore)


 

Romãozinho, menino travesso!

Criatura mais tinhosa que o “cão”!

Não fazia nada de bem,

Somente judiação.

 

Filho de agricultores,

Nascido para as bandas de Goiás,

Não respeitava nem pai nem mãe,

E ainda maltratava as plantas e os animais.

 

Um dia a mãe, sem saber,

Selou seu próprio destino.

Preparou o almoço do marido

E confiou a entrega ao menino.

 

Romãozinho nesse dia

Fez sua pior travessura,

Abriu a marmita do pai

E comeu toda a mistura.

 

Para agravar a situação

Mentiu ao pai que a mãe o traía,

E que era esse tal amante

Que toda a mistura comia.

 

O pai ficou furioso

sua mulher, com um machado, golpeou.

Mas antes de morrer, sussurrando,

Ao filho ela praguejou:

 

Não vai para o céu nem para o inferno,

Não vai crescer, nem morrer,

Para saciar sua fome só língua de vaca irá comer,

Vagará por estas terras enquanto a humanidade existir.

 

Deste dia em diante

O menino virou assombração,

Vive pelas estradas 

Fazendo judiação.

 

Pai e mãe merecem respeito,

É bom aprender essa lição.

Não minta, não maltrate,

Tenha sempre um bom coração.

 

Dy’Paula



sábado, 1 de agosto de 2020

Matinta Perera (especial folclore)

A lua amostra.
No alto escuro céu.
Em cima do telhado, 
o assobio sem véu. 

Adentro da escuridão, 
mais assobio, e os passos pesados,
um bater de asas intenso,
que os galhos voam dispersados.

E os assobios atormentam, 
insistindo em quebrar o silêncio. 
Assobios que parecem trazer trevas.
Mas não pago de jumêncio.

O luar sombrio. 
Se agita no telhado. 
Com o terço na mão, mais assobio,
exausto me ponho a gritar

Volta amanhã Matinta.
Terá teu tabaco.
Volta amanhã Matinta.
Terá tua cachaça. 

O assobio cessa,
Com um bater de asas, 
o bicho some na floresta.
O medonho pássaro some de pressa.

Pássaro  agigantado,
de penas negras,
garras longas, bico curvado, 
pele enrugada e a cara de bruxa

Ao amanhecer.
Matinta Pereira aqui tua cachaça.
Cumpro o combinado. 
Meu lar quero livre de desgraça. 

Matinta Pereira aqui teu tabaco.
Vai-te embora velha senhora.
Deixa este homem já perturbado.
Matinta cumpro o combinado. 

E a velha encurvada,
segue caminhando pela mata, 
gritando a quem queira responder
Quem quer?Quem quer? Quem quer?

Ai de quem responder, que quer.
A moça tomará a sua sina.
E outra Matinta nasce ao anoitecer.
E os assobios assim continuarão 

Quem quer? Quem quer? Quem quer?

Manzi, J.G
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Art By João Gabriel Manzi ©

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