sábado, 1 de agosto de 2020

Matinta Perera (especial folclore)

A lua amostra.
No alto escuro céu.
Em cima do telhado, 
o assobio sem véu. 

Adentro da escuridão, 
mais assobio, e os passos pesados,
um bater de asas intenso,
que os galhos voam dispersados.

E os assobios atormentam, 
insistindo em quebrar o silêncio. 
Assobios que parecem trazer trevas.
Mas não pago de jumêncio.

O luar sombrio. 
Se agita no telhado. 
Com o terço na mão, mais assobio,
exausto me ponho a gritar

Volta amanhã Matinta.
Terá teu tabaco.
Volta amanhã Matinta.
Terá tua cachaça. 

O assobio cessa,
Com um bater de asas, 
o bicho some na floresta.
O medonho pássaro some de pressa.

Pássaro  agigantado,
de penas negras,
garras longas, bico curvado, 
pele enrugada e a cara de bruxa

Ao amanhecer.
Matinta Pereira aqui tua cachaça.
Cumpro o combinado. 
Meu lar quero livre de desgraça. 

Matinta Pereira aqui teu tabaco.
Vai-te embora velha senhora.
Deixa este homem já perturbado.
Matinta cumpro o combinado. 

E a velha encurvada,
segue caminhando pela mata, 
gritando a quem queira responder
Quem quer?Quem quer? Quem quer?

Ai de quem responder, que quer.
A moça tomará a sua sina.
E outra Matinta nasce ao anoitecer.
E os assobios assim continuarão 

Quem quer? Quem quer? Quem quer?

Manzi, J.G
.


Art By João Gabriel Manzi ©

Conheça mais sobre esta lenda:




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Encontre no Sarau Aberto