terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

A visita

Desculpe-me, se a despertei.
Algumas questões atormentam minhas entranhas
Guiado pela luz da lua, então acordei.
Ou, apenas estou em um pesadelo? 

Encontro-me preso em um mundo vil
Onde todos os dias é o fim
Será que estou aqui apenas para morrer?
Perdendo meu único desejo de vida.

Vejo-te, parada à minha frente.
Não sigo mais sozinho meu destino desconhecido.
Há muito para conversar esta noite.
Então, por que fecharia meus olhos?

Ajudará a encontrar meu caminho?
Você disse que me ajudaria.
Que deixaria minha alma leve 
E meu corpo gelido sem pulso.

A sanidade há muito me deixou,
Agora você toma seu lugar.
Lendo minha alma e pesa meu coração,
Deixando em mim um eterno calafrio. 

Tanta certeza antes de tua face.
Tudo se esvaindo e o medo toma conta,
Como se me abrisse e me virasse do avesso,
Desnudo.

A insanidade fez morada?
E a luz do luar caminhou direto pra mim.
Eu consigo ver teus olhos vazios e escuros,
Vejo teu sorriso sem lábios, teu rosto sem pele.

Teu manto negro só esconde o corpo esquelético,
de dentro dele ouço as vozes soarem no ar,
Como o uivo do vento gelado entre árvores.
Estende-me a mão como uma amiga de outrora.

Me salve. Repito.
Estendo-lhe as mãos de volta,
Como se fossemos iniciar uma dança.
Ainda há dúvidas, mas me conformo com o fim. 

Afinal estou aqui para morrer,
Acordando do meu último sono.
Perdendo meu único sonho.
Deixo a cama, o quarto e parto.

No meu último despertar,
Sou tragado pelo manto negro.
Junto-me as vozes murmiriantes 
E minha visitante sobe a escuridão do céu.

João Gabriel Manzi
20/02/2022


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