Chuva que a tristeza tece
Tristeza que pela janela desce
Desce tão delicada e formosa
Formosura de solidão morosa
Chuva que atingi as calhas
Transborda o suave som nas falhas
Nas falhas das folhas de amor
Amor que derrama gotas de dor
Chuva que me toma de saudades
Saudades que já não é novidade
Mas escorre lenta pela vidraça
Vidros que em tormentas se estilhaça
Estilhaços que se rompem ao vento
Vento que leva meu lamento
Lamento trajado de romance
Romântico que esgota seu nuance
Chuva que rasga a vastidão do céu
Céu que veste as gotas como um véu
Véu cinza que te ofusca
Ofuscado me perco em tua busca
Chuva que traz a brisa fria
Com frieza o tempo torna a vida sombria
A chuva que parece tecer boas novas
Boas novas que se encaminham às covas
Chuva que cai de tantos modos
Mas a mais antiga é a dos meus olhos
Meus olhos que despejam a chuva
Chuva que me espanta feito saúva
No medo da chuva me faço prisioneiro
Prisioneiro, não das gotas me molharem inteiro
Mas preso no meu desejo de esperança infindável
Mas a chuva que cai dos meus olhos, parece tão interminável
Manzi. J.G.