quarta-feira, 28 de março de 2018

Chuva

Chuva que a tristeza tece
Tristeza que pela janela desce
Desce tão delicada e formosa 
Formosura de solidão morosa

Chuva que atingi as calhas 
Transborda o suave som nas falhas 
Nas falhas das folhas de amor
Amor que derrama gotas de dor

Chuva que me toma de saudades 
Saudades que já não é novidade
Mas escorre lenta pela vidraça 
Vidros que em tormentas se estilhaça

Estilhaços que se rompem ao vento 
Vento que leva meu lamento 
Lamento trajado de romance 
Romântico que esgota seu nuance 

Chuva que rasga a vastidão do céu 
Céu que veste as gotas como um véu 
Véu cinza que te ofusca 
Ofuscado me perco em tua busca

Chuva que traz a brisa fria
Com frieza o tempo torna a vida sombria 
A chuva que parece tecer boas novas
Boas novas que se encaminham às covas

Chuva que cai de tantos modos 
Mas a mais antiga é a dos meus olhos
Meus olhos que despejam a chuva 
Chuva que me espanta feito saúva 

No medo da chuva me faço prisioneiro
Prisioneiro, não das gotas me molharem inteiro 
Mas preso no meu desejo de esperança infindável 
Mas a chuva que cai dos meus olhos, parece tão interminável 

Manzi. J.G.



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