quarta-feira, 25 de abril de 2018

A gente se apaixona

A gente se apaixona,
Apaixona-se pelo aroma,
Apaixona-se pela doçura
E se apaixona pelo prazer.

A gente se apaixona,
Apaixona-se pela sutileza,
Apaixona-se pela história 
e se apaixona pela  voz suave.

A gente se apaixona,
Apaixona-se pela saudade,
Apaixona-se pelo sonho, 
e se apaixona pelas possibilidades.

A gente se apaixona.
Apaixona-se pelo que nos flutua,
Apaixona-se pelo toque.

Mas é preciso amar.
Amar o cheiro denso,
Amar o amargor
E amar a dor.

É preciso amar,
A dureza e a incerteza,
Amar o grito estridente,
o pesadelo e o sufoco.

É preciso amar,
Amar a queda, o esforço e a derrota,
Amar as marcas e cicatrizes 

É preciso amar o que nos fortalece.
Paixão passa, amor fica.
Paixão é breve, amor é eterno.
Paixão nos impulsiona, amor nos faz prosseguir.

  1. Manzi, J.G.




sexta-feira, 20 de abril de 2018

Prêmio Poesia Agora - Verão

Foto: Manzi, J.G.

Com mais de 2.000 inscritos de todo o Brasil! Uma das poesias do nosso SARAU ABERTO foi premiada e publicada na edição de verão de 2018 da Antologia Poesia Agora. O livro foi publicado pela Editora Trevo. 

Este selo é uma criação da Editora Benfazeja, casa que hoje publica projetos artísticos selecionados por curadores e concursos literários. Com a Trevo, o objetivo é disponibilizar o melhor do design gráfico e pensamento editorial para o grande público.

Sua missão é se adequar ao perfil de cada escritor e suas necessidades únicas, atender desde projetos de pequenas tiragens até propostas editoriais mais robustas.

Editora aberta aos escritores iniciantes, esclarecendo todas as dúvidas nesse primeiro contato com editoras, quanto aos mais experientes, que possuem público formado e procuram uma maneira profissional de publicar. 

Temos alguns exemplares quem tiver interesse é só entrar em contato

O texto premiado e selecionado foi: 

(Des) encontros. 

Quantas noites passei chorando
Tantos bares me encontrei vagando
Me aventurei em becos escuros
Buscando desejos noturnos

Tentando encontrar a serenata certa
 Deixando a melodia em alerta
Implorando pela dádiva das flores
presente com as mais lindas cores

Mas nem a mais bela e perfumada flor
Meu anjo,  nada se compara ao teu valor
Me perdendo em tantos goles
Explorando por tantos vales

Amar-te é apreciar das coisas mais simples ao mais majestoso
O amor que sempre assume gosto de mel tão penoso
Amar-te é te encontrar nos meus gestos
Respirar, andar e sonhar até no que sobrar de meus restos

Pois de tanto vagar me entregando a própria sorte
Quero que o meu amor sobreviva até a além da morte

Manzi, J.G.

quinta-feira, 19 de abril de 2018

A Cadeira

Olho e vejo a cadeira
Posso tocar, mas ainda sentirei só cadeira
A cadeira aparenta ser tão absoluta
Se penso a cadeira logo a cadeira existe?

Vejo a cadeira, apreendo a cadeira
Pois vejo a hora de desvenda-la
Investiga-la e me apoderar de seus mínimos detalhes
A cadeira já não é só uma cadeira

A cadeira é signo de status social 
É simbolo de projetos de sociade 
Há cadeiras de estudos, descanso, de dor, de poder e morte
Para além disso, quantas mãos há na cadeira?

Quanto suor se impregna nos seus adornos 
Para onde foram os pulmões intoxicados?
Não os encontro na cadeira
E o trabalho de homens, mulheres e crianças
Onde está na cadeira?

A madeira, o aço, a tinta
a borraça, o tecido, o prego 
a sonda, a espuma, o vidro
Onde eu chegaria ao saturar cada um destes?

A madeira e a política
O aço e a economia
A tinta e a cultura
A borracha e a história
O tecido e o espírito 
O prego e a lei

Quanta história há na cadeira
Uma simples cadeira
Que não é só uma cadeira 
Mas se contrair a cadeira com ímpeto
Ela agora é muito mais que um mero móvel

A cadeira é a fileira de homens e mulheres
Seus espíritos, seu tempo, sua força e sua dor
A cadeira é trabalho humano, ideias e existências
Pois a cadeira nunca foi só uma cadeira.

Se há tanto sujeito e história empregado na cadeira
Para onde iríamos se enxergássemos para além das coisas
Se superássemos esta realidade aparente
Caminharíamos para transforma-la 
Manzi, J.G.






quarta-feira, 11 de abril de 2018

A luz amarelada

A luz, que mal iluminava o canto, revelava o sorriso e o olhar que eu precisava para fortalecer-me. Essa mesma luz, amarelada, indicava o caminho que eu deveria seguir se quisesse experimentar a felicidade.
Tomei da jarra um pouco da água com gosto de terra, mas ainda fresca, apaguei a luz e dormi, com a certeza que no amanhã a esperança se renovaria e, como um milagre, afastaria de mim essa dor e me permitiria viver.
Ao despertar, notei que tudo ainda estava lá, a luz amarelada, a foto, a jarra, a cura e até você, as únicas coisas que passaram foram as horas, que pena, a dor ainda estava lá.
Saí, como que em busca de algo que não pudesse encontrar, saí em busca de mim, do que me faz bem, do que me dá prazer e como o previsto, não encontrei.
Maldita luz, ofusca o meu caminho e dificulta o meu caminhar. Antes não tivesse confiado em ti.
Tomei um trago da mais amarga cachaça para penitenciar este frágil corpo que teima em doer, que pesa e apodrece dia-a-dia, anunciando o seu próprio fim. Tomei outro trago, este para o santo, que me acompanha, mas não me guarda, permitindo que os passos decidam por si só que caminho seguir, ignorando a minha própria companhia.
Agora sim, embriagado e com cheiro de nada, sem nada sentir, me deito. No canto a luz amarela que ilumina o sorriso, me indica o caminho, mas não me deixa dormir.

Dy´Paula

terça-feira, 10 de abril de 2018

A inconstitucionalidade da constituição

A constituição já não é constitucional
Perdeu-se sua constitucionalidade
Feriu-se sua legalidade 
Tomou-a como venal 

A constituição já não tem constitucionalidade
Tornou-se inconstitucional cumprir a constituição
Tanto faz se por ação ou omissão
Já derrubaram sua horizontalidade

A parcialidade tomou conta do ordenamento 
Perdeu-se até mesmo a sua normatividade
A constituição tomada por tendenciosidade 
Inconstitucionalidade que não gera deferimento

Silenciaram a voz constitucional
Encobriram-na de cerceamento 
Válido é a parcialidade de seu julgamento
A constituição se tornou convencional  

Cobriram-na de deformidade
Os ditames com suas imposições 
Regaram-na de exceções 
A constituição não tem constitucionalidade

Manzi, J.G. 


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