quinta-feira, 19 de abril de 2018

A Cadeira

Olho e vejo a cadeira
Posso tocar, mas ainda sentirei só cadeira
A cadeira aparenta ser tão absoluta
Se penso a cadeira logo a cadeira existe?

Vejo a cadeira, apreendo a cadeira
Pois vejo a hora de desvenda-la
Investiga-la e me apoderar de seus mínimos detalhes
A cadeira já não é só uma cadeira

A cadeira é signo de status social 
É simbolo de projetos de sociade 
Há cadeiras de estudos, descanso, de dor, de poder e morte
Para além disso, quantas mãos há na cadeira?

Quanto suor se impregna nos seus adornos 
Para onde foram os pulmões intoxicados?
Não os encontro na cadeira
E o trabalho de homens, mulheres e crianças
Onde está na cadeira?

A madeira, o aço, a tinta
a borraça, o tecido, o prego 
a sonda, a espuma, o vidro
Onde eu chegaria ao saturar cada um destes?

A madeira e a política
O aço e a economia
A tinta e a cultura
A borracha e a história
O tecido e o espírito 
O prego e a lei

Quanta história há na cadeira
Uma simples cadeira
Que não é só uma cadeira 
Mas se contrair a cadeira com ímpeto
Ela agora é muito mais que um mero móvel

A cadeira é a fileira de homens e mulheres
Seus espíritos, seu tempo, sua força e sua dor
A cadeira é trabalho humano, ideias e existências
Pois a cadeira nunca foi só uma cadeira.

Se há tanto sujeito e história empregado na cadeira
Para onde iríamos se enxergássemos para além das coisas
Se superássemos esta realidade aparente
Caminharíamos para transforma-la 
Manzi, J.G.






2 comentários:

  1. Enxergar, não basta.
    Sentir, não basta.
    Superar, transformar?
    Super "Ação"
    Transform "Ação"
    Ação.
    .

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