quinta-feira, 31 de maio de 2018

Para falar de solidão

Para falar de solidão
É preciso falar de amor.
Para falar de solidão é preciso falar de dor.
Para falar de solidão
Vou ter que falar de mim.
Para falar de solidão
Vou ter que falar do fim.
Na solidão se pode escutar o silêncio.
Pode-se brincar com o vento.
Observar passar o tempo.
Se conhecer por dentro.
Para falar de solidão
Não precisa dizer nada.
Para entender a solidão
Basta sentir-se só em meio a uma multidão.


Dy´Paula


        Imagem CC0 1.0 Universal. Dedicado ao Domínio Público. 

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Coube tanta coisa no seu lugar!


​Coube tanta coisa no seu lugar!

Gente pra caramba! Amigos, colegas, drinks, sorrisos... Gargalhadas!​ ​Coube a leitura daqueles livros, sabe, que sempre ficava pra depois!​ ​A tv, nossa!!​!​ Séries, filmes... Quanta coisa maneira!​ ​E os encontros, abraços, gestos de carinho que tenho colecionado? Uma porção de dias coloridos e quentinhos, que fazem meu coração transbordar de gratidão!​ ​É muita coisa mesmo! Tanta, mais tanta, que quanto mais eu vivo, sinto, vejo e sonho, nesse enorme espaço que coube tanta coisa, mais eu percebo o tamanho imenso que vc tinha em mim... Se você era mesmo, assim, tão grande, confesso hj, acho que nem sei! Imaginei.

Outros olhares já me mostram novos mundos, e o horizonte já tem outra cor!

Das dores, ah, hj eu sei que as de antes... aquelas...das esperas, das angústias, fiadas na fé de uma palavra muda, murmurada, chorada... Eram bem maiores!!!

E agora, entre todas estas coisas, eu sei, que quando o amor é de verdade, ele é grande assim mesmo, toma todo o espaço, deixa tudo pra depois, e sem nem pensar, nesse depois. Quando é amor, e é de verdade, e é grande, ele não acaba! Ele dobra o nosso tamanho, nos faz maiores, melhores. Nos faz mais humildes, pacientes, persistentes!

Talvez isso explique um pouco porquê coube tanta coisa nesse enorme espaço que você deixou vazio...E mesmo assim, ainda tenha aqui, o dobro de você em mim.


terça-feira, 29 de maio de 2018

Para quê?


Para quê tanto caminhar
Se não tenho direção?
Melhor desistir dos caminhos
E dedicar-me à estagnação.

Para quê tanta esperança
Se não tenho motivação?
Melhor desistir da espera
E dedicar-me à desilusão.

Para quê tantas palavras
Se já não tenho a discussão?
Melhor desistir do discurso
E dedicar-me à audição.

Do quê me adianta tanto carisma
Se já não tenho a multidão?
Melhor desistir das pessoas
E dedicar-me à solidão.

Do quê me adianta tanta poesia
Se já não tenho a inspiração?
Melhor desistir de viver
E contentar-me com a respiração.



        Imagem CC0 1.0 Universal. Dedicado ao Domínio Público. 

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Óbito


A noite estava quente, ele ali deitado em seu colchão no chão, quase nu, fumando um cigarro e com a cabeça tão desordenada quanto suas coisas espalhadas pelo quarto. A música ao fundo remetia à melancolia e os ruídos da noite aguçavam ainda mais sua dor. O cenário estava perfeito para o crime, estava decidido que aquele seria o momento derradeiro, estava disposto a matar o que a muito vinha lhe matando.
Como poderia ter suportado tamanha angústia por tanto tempo? Por que permitiu chegar ao extremo de seu limite? O preço seria caro mas precisava ser pago, sabia muito bem de sua parcela de culpa na busca de sua própria felicidade. Levanta-se, busca um papel e uma caneta na ânsia de escrever seu poema, quem sabe assim aliviaria a alma e adiaria o inevitável, mas nem mesmo o papel e a caneta, muito menos o poema, queriam ser cúmplices daquele momento fúnebre, estava só naquela jornada. Se ao menos o telefone tocasse, quem sabe assim sua esperança renasceria ao ouvir aquela voz. Quem sabe a voz revelasse a presença, a presença trouxesse o seu cheiro, o abraço, o afago, o beijo, o sexo, enfim, quem sabe assim os pensamentos fossem positivos e a vida se tornasse viável outra vez. Mas já passam das doze e o telefone não toca.
Até ali havia conseguido conquistar boa parte das coisas que desejara, havia conseguido uma posição desejada por muitos na sociedade, havia amado, havia conhecido os lugares que mais sonhara em conhecer. O que mais queria? O que mais lhe faltava? Esses questionamentos ensurdeciam seus ouvidos e perturbava ainda mais sua mente frágil. E esse telefone que não toca.
Pensava consigo mesmo que não vale a pena correr o risco da paixão, pois a paixão tem o sabor da perversidade, não cumpre o que promete, é sarcástica, irresponsável, inconseqüente e só é saborosa por ser amarga. Mas ainda assim queria que aquele telefone miserável tocasse nem que fosse para dizer que era o fim, talvez assim seu próprio fim fosse mais fácil de ser executado. O seu maior medo era que o telefone tocasse instantes depois de não poder mais falar.
Foi suave e silencioso o seu fim, morreu tudo, o amor, a paixão, a esperança, a angústia, a ansiedade, a fadiga, o calor, os pensamentos, a dor e até mesmo a sua maldita felicidade que tanto buscara. Sobrou só a carcaça de olhos abertos, alma dispersa, mente vazia e coração pulsante, era um monte de nada que nada significava para sua nada de vida.
Em sua lápide estava escrito: Aqui nada jaz.

Dy´Paula

        Imagem CC0 1.0 Universal. Dedicado ao Domínio Público. 


sábado, 26 de maio de 2018

O Quarto


Não era belo, nem feio,
Nem novo, nem velho,
Nem chique, nem brega,
Nem bom, nem ruim,
Nem frio, nem quente,
Nem limpo, nem sujo,
Nem útil, nem inútil,
Nem meu, nem seu,
Nem tudo, nem nada,
Nem especial, nem normal,
Nem vivo, nem morto,
Nem moral, nem imoral,
Nem caro, nem barato,
Era um quarto.
Dy´Paula


        Imagem CC0 1.0 Universal. Dedicado ao Domínio Público. 

quinta-feira, 24 de maio de 2018

(Re)Nasci - (Homenagem a Eric e Enrico Manzi)

Então hoje era pra ser um dia
Era pra ser só mais um dia 
Só mais uma tarde 
só mais uma rotina 
Hoje era para as estrelas brilharem 

Mas hoje há muita mais
Hoje veio a mim um canto de paz
Enquanto a estrela brilha, é só seu o meu olhar 
Longe ou perto no teu peito é meu lar

Ao te ver me vejo assim 
Doce, inocente e apaixonado 
Ter você é ter um amor sem fim
Você muda e germina, semente, 
e eu me vejo mudado.

Você nasceu e com você eu nasci
Encontrei um amor puro
Algo genuíno e literal que jamais senti 
com você não existe mau, não existe dor

Você nasceu 
e com você eu (re) nasci 

Manzi.J.G


                                                   Imagem CC0 1.0 Universal. Dedicado ao Domínio Público. 

O milagre


A tragédia da vida tem fim
Com o milagre da morte.
Ninguém sabe o que está por vir,
Só sei que o que vier será bem vindo.
Nada poderá ser pior do que essa
Angústia, essa solidão.
A única coisa que me sustenta
É a incerteza do que virá.

Melhor assim, pelo menos posso pensar que algo virá.
E se não vier, me sobra a esperança.
E se ainda assim não a tiver, terei a morte.
Deus não seria tão injusto
De me privar deste milagre.


Dy´Paula


Imagem CC0 1.0 Universal. Dedicado ao Domínio Público. 

quarta-feira, 23 de maio de 2018

O jogo da vida


Aqui tem um pobre mortal
Nos confins da solidão.
Conversando com seu eco,
Ouvindo seu coração.

Aqui tem um dito sonhador
Em busca de seu ideal.
Fazendo da vida um jogo,
E do ouro um luxo banal.

Há sorrisos em todos,
Só eu não posso sorrir.
Talvez a dor seja a mesma
Mas eu não aprendi omitir.

Vou lutar como um gladiador.
Quero viver para ver.
Vou encarar essa dor.
Vou aprender a vencer.

As lembranças que virão
É o que vai me confortar.
A saudade é perversa
Mas tenho que suportar.

Mas como sempre sigo em frente,
Querendo ao longe chegar.
E nesse jogo da vida
O certo é que vou ganhar.


Dy´Paula

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Louco

Então sou louco.
Louco por amar
Louco por me doar
A síntese de mim, louco

Sou louco
pelos que não me entendem
Por sentir a dor de alguém
 que não a minha, sou louco

Por ser louco, me trancam.
Por ser gentil, amável, doce, me dopam
Ou por sofrer a dor que só em mim senta
Abafam meu grito de dor
que só a mim atormenta

O que fiz eu
Em meu sofrimento, além de sofrer?
Não me acolhe, me expulsa

Porque sou louco
Por que não sofri sozinho, escondido, calado?
Por que prefere exaltar minha dor?
E ter nojo do meu amor?

Sou louco por não temer
Por não me esconder em vestes sínicas
Louco por não me cobrir de falsa conveniência
Louco por amar, genuinamente amar?

Quando se sofre, sofra calado
Então será revestido de piedade
Se ama, ame sozinho, enclausurado
Se for fiel, louco, guarde pra si sua lealdade

A síntese de mim louco?
Recheado de contradições, amor, ódio, alegria,
de dor, raiva, arte, felicidade, riso e choro
Mas não é essa essencial de toda flor humana?

Mas já eu, sou louco
Resta-me ser louco
Por não me curvar
Por não me cobrir de cinismo

Louco, pela autenticidade
Por ter uma fé longínqua em mim mesmo
Entre trancas e liberdade, esta só quero se for recheada de respeito.

Manzi, J.G.






domingo, 20 de maio de 2018

Fugaz Paixão

Não sei se foi ilusão,
Desilusão,
Fugaz paixão.
Um sentimento em vão
Uma imprudente tentação...

Em quais destes ”ãos”
Eu me perdi?
Não sei...
Sei dizer o que senti:
Coração batia feito:
Bateria de escola de samba
Corria nas veias feito:
Lava de vulcão incandescente
Pensamento voava feito:
Pássaro migratório
Em direção concreta.

Desejo insano
Dessas loucuras que fazemos
Sem ao menos pensarmos...
Pensando bem,
Dentre os “ãos” que vivi
Restou-me apenas um...
E hoje feito:
Canção sem letra
Carro sem rodas
Návio sem água
Amor sem dor,
Restou... O meu coração.


Adriana Magalhães

sábado, 19 de maio de 2018

A vida, a força e o tempo

Carrego comigo
A vida, a força e o tempo
A vida que me ensinaram
A vida que aprendi:
As vezes fácil, quase sempre difícil
As vezes choro, quase sempre levo sorrisos...
A força que travo:
Nas batalhas pelo conhecimento
Nas lutas pelo discernimento
Sempre insisto, quase sempre aprendo
As vezes odeio, quase sempre amo!
Ah, o tempo:
Dele prefiro ser amigo
As vezes  vejo-o no meu espelho e o ignoro
As vezes vejo-o noutro amigo e me escondo rapidamente...
Que ele (tempo) não me encontre, mas...
Quanta tolice...
Ele sabe sempre onde me escondo
E sem um pingo de pena
Mostra sua face em mim.

Adriana Magalhães





sexta-feira, 18 de maio de 2018

Amores

Um amor, dois amores, três amores, muitos amores, vários amores, cada um a sua maneira. 
Ah!... Que pena pensarem ser brincadeira.
Ela estava lá toda inteira, imatura ou matura, também a sua maneira.
Cheia de amor em seu peito, mas não sabia extraí-lo direito. 
Ah!...Que pena guarda-lo desse jeito.
Errou deixou tudo para trás, percebeu que seu sonho valia mais. 
Ah!...Que pena não ter vivido mais.
Seu sonho era grande, mas era pedra bruta. 
Ah! Que pena, foi muita luta.
Luta com lapidação de diamante, agora não mais distante.
Jóia rara, a luta se fez lapidar, agora sabendo amar. 
Ah!...Que pena... 
Não...Hoje plena, a dor é mais amena!

Nadja da Silva

quinta-feira, 17 de maio de 2018

A PARTIDA


Eu vi a luz do seu olhar esvair-se
Como um lindo por de sol e temi...
Eu pressenti uma escuridão em mim
E eu temi...
O sol que havia em teu olhar
Como texto criptografado
Meu olhar decifrava:
Era a partida
Bem ou mal eu sentia, eu entendia.
Não!!! Eu não queria vê-los fechar...
Não para sempre.
Ah! Se eu pudesse algo fazer... Que fazer?
Quando só um milagre salva!
Ah! Como eu queria...
Olhar fixamente e dizer novamente:
Fica comigo, não vá!
Quanta tolice... Chegaste tua hora.
Deixaste em mim memórias e ensinamentos.
Minha maior herança... Tua bondade, tua humildade.
Enfim, venceste o ciclo da vida.
Às vezes acordo em meio a escuridão,
Lembro-me de estarmos felizes
Em um lugar repleto de flores
Sempre de olhar lindo e sorriso doce.
Já não temo minha hora
Fortaleceste em mim real conclusão que,
Certamente para perto de ti,
Um dia... Retornarei.

Adriana Magalhães 

terça-feira, 15 de maio de 2018

Sem sonhos

Que será de ti poesia?
Que será de teus sonhos?
Porque poesia, falastes tanto?
Para onde irás tu sem tua pena?

Que pena, poesia, eu tenho de ti!
És tão bela, tão cheia de significados,
Mas tão frágil, nem parece sólido.
Parece nada.

Há poesia!!! Cansaste-me.
Cansaste-me tanto que mal posso ouvir-te.
Nada mais me diz.
E quando me diz, nada entendo.

Seja mais clara,
Pois enquanto turva não hei de beber-te.
Seja mais lúcida,
Pois enquanto insana não poderei crer-te.

Seja poesia, como o poema,
Este sim sabe rimar.
Com teus versos, tuas estrofes,
É capaz até de me encantar.

Chegadas e partidas

Chegue, se achegue, se aconchegue, 
repouse, fique, demore, 
mas sempre com intensidade, com calor, com amor, 
com fogo, fogo que não seja pouco...
Fique demore mais um pouco.
Mas quando for chagada a hora do partir, do ir, do distrair, do sumir... Vá!
Vá sem demora, sem enrola, sem esmola. 
Pois há tantos outros caminhos a trilhar nosso coração, 
que almeja emoção, paixão e não solidão.
Na chegada sou luz, 
mas é na partida que saio da escuridão.

Nadja da Silva

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Lua

Lua, Oi lua.
Encantadora lua, sozinha com estrelas brilha. 
Lua cheia de saudades, que dança no céu esplêndida.
Linda lua, que nasce e vai embora, me deixando aqui tão só 
Mas tudo bem lua, amanhã estará aqui cheia, dançante e excitante.
Lua a espero na noite com luar,  no fundo do copo eu espero.
Chamo-te lua, te peço e espero, como as estrelas fixas no céu. 
Lua eu te espero até o nascer do sol. 
Eu espero. 

 
Manzi. J.G.

quinta-feira, 10 de maio de 2018

Trabalho

Trabalho pro mundo
Trabalho profundo
Trabalho imundo 
Trabalho defunto 

Trabalho pobre
Trabalho pro nobre
Trabalho que sofre
Trabalho de morte

Trabalho que devasta
Trabalho que nos afasta
Trabalho que contrasta
Trabalho para uma casta

Trabalho escravo
Trabalho de desagravo
Trabalho que escavo
Trabalho que é pravo

Trabalho ensaiado
Trabalho modernizado
Trabalho massacrado
Trabalho sentenciado

Trabalho do acidente
Trabalho excludente
Trabalho excedente
Trabalho paulatinamente

Como luta o trabalhador?
Na era de novos ares com aromas de dor
Cadê o trabalho? 
O trabalho que iguala, o trabalho libertador, 

Lute, mas lute como um trabalhador.

Manzi, J.G.







segunda-feira, 7 de maio de 2018

A culpa é de quem?


Eu vi a vida, pensei na minha.
Achei brincadeira, brinquei com a minha.
Faltava pouco, e eu não fiz nada.
Pensei em mim e não mais em ninguém.

Ouvi um tiro, não me acertou.
Falaram de fome, eu não entendi.
Falaram de dor, o problema não é meu.
Ouvi de pobreza, eu não conheci.

Quem sou eu que nada sei?
Quem sou eu que nada fiz?
Quem sou eu que de nada participei?
Quem sou eu que não te quis?

E essa criança que não cala,
E a violência que não para,
E a pobreza que me separa,
E minha vergonha, nem se fala.

Passou a minha vida, e nada passou.
Vi os fatos, mas não participei.
Convivi com a miséria,
Mas ignorei.

Ouvi um tiro, me acertou.
Tem uma criança chorando, é meu filho.
Não tem comida, tenho fome.
Não tenho educação, não tenho destino.

Eu vi a vida, era a minha.
Olhei para a minha e vi a sua.
Eu vi desigualdade,
A culpa é minha.

Dy´Paula

Encontre no Sarau Aberto