segunda-feira, 21 de maio de 2018

Louco

Então sou louco.
Louco por amar
Louco por me doar
A síntese de mim, louco

Sou louco
pelos que não me entendem
Por sentir a dor de alguém
 que não a minha, sou louco

Por ser louco, me trancam.
Por ser gentil, amável, doce, me dopam
Ou por sofrer a dor que só em mim senta
Abafam meu grito de dor
que só a mim atormenta

O que fiz eu
Em meu sofrimento, além de sofrer?
Não me acolhe, me expulsa

Porque sou louco
Por que não sofri sozinho, escondido, calado?
Por que prefere exaltar minha dor?
E ter nojo do meu amor?

Sou louco por não temer
Por não me esconder em vestes sínicas
Louco por não me cobrir de falsa conveniência
Louco por amar, genuinamente amar?

Quando se sofre, sofra calado
Então será revestido de piedade
Se ama, ame sozinho, enclausurado
Se for fiel, louco, guarde pra si sua lealdade

A síntese de mim louco?
Recheado de contradições, amor, ódio, alegria,
de dor, raiva, arte, felicidade, riso e choro
Mas não é essa essencial de toda flor humana?

Mas já eu, sou louco
Resta-me ser louco
Por não me curvar
Por não me cobrir de cinismo

Louco, pela autenticidade
Por ter uma fé longínqua em mim mesmo
Entre trancas e liberdade, esta só quero se for recheada de respeito.

Manzi, J.G.






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