terça-feira, 17 de novembro de 2020

Turbilhão (Parte I)

A dor do meu coração não se cala, queima minha mente ao ponto de me fazer gritar. Um vazio de escuridão que minha alma exala. 
As trevas me abraçam e meu corpo arde como ácido que derrete a carne, mas tudo isso está em minha cabeça. Seria eu, um louco?

Qual o fruto da dor e sofrimento que me castiga e consome meus dias e noites, deixando apenas o resto de mim em lamento? 
De onde vem essas trevas que me consome e arranca a carne com tanta força, mas que se assenta profundamente. 

A cabeça dói, o peito aperta e a escuridão sufoca, mas a dor existe? Essas trevas existem? Ou imagino ou sonho? 
Decido sair dessa angústia e ansiedade, preciso me apegar ao real, a dor real, sentir algo de verdade que me puxe de novo para a sanidade, mesmo em um ato insano. 

Então me corto até sangrar por ódio de mim mesmo, por ser fraco. 
Corto-me também para sentir algo real, para que minha mente se volte a dor. 
Então me queimo sem pensar, apago os cigarros em meus braços, pernas e pés deixando cicatrizes, que nunca desaparecerão.
 
Corto-me e queimo para tentar ficar vivo, pois meu ódio e desilusão é tão profundo que um dia ainda dou cabo de minha vida, num só golpe. 
Mas não hoje. Esta noite apenas repousarei na minha dor, nas queimadores e cortes. Hoje me deterei ao meu martírio de sangue que vem de mim mesmo. 

Manzi, J.G. 
2017

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