terça-feira, 17 de novembro de 2020

Turbilhão (Parte II)

A cólera que repousa em meu coração me faz esquecer do gosto do amor, da gentileza e empatia para com o mundo. 
Já me esqueci do valor de um colo, um beijo ou carinho. Olho no espelho e vejo uma fúria inquieta. 
A raiva de mim mesmo é maior do que a desesperança que sinto pelos outros a minha volta. Não teria restado nada de bom?

No crepúsculo dos dias é ainda pior ou quando o sol não desperta através das nuvens negras que traz uma chuva fina que parece a tristeza dos céus. 
Sinto-me fadado a um nervosismo sem explicação. Uma irritação que me leva a exaustão mesmo se passar um dia inteiro na cama.
 
Ódio, ódio, ódio quanto sentimento enfurecido que nasce em mim a cada dia como ervas daninhas que consomem todas as minhas virtudes. 
Quero arrancar, bater e machucar, mas não há ninguém a quem pertença tal raiva, além de mim mesmo pelo fracasso de homem que sou. 
Sinto repulsa de mim e daqueles que me amam, pois como podem amar um ser tão repugnante?

Sou indigno de piedade e compaixão. Carrego a fúria, o ódio, a raiva e ansiedade que não vejo suas raízes. 
Possivelmente pertencem a minha essência impura e brotam a cada raiar do dia e ao cair da noite como uma doença que me diz que não irá embora. 

Manzi, J.G, 
2017

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