A cólera que repousa em meu coração me faz esquecer do gosto do amor, da gentileza e empatia para com o mundo.
Já me esqueci do valor de um colo, um beijo ou carinho. Olho no espelho e vejo uma fúria inquieta.
A raiva de mim mesmo é maior do que a desesperança que sinto pelos outros a minha volta. Não teria restado nada de bom?
No crepúsculo dos dias é ainda pior ou quando o sol não desperta através das nuvens negras que traz uma chuva fina que parece a tristeza dos céus.
Sinto-me fadado a um nervosismo sem explicação. Uma irritação que me leva a exaustão mesmo se passar um dia inteiro na cama.
Ódio, ódio, ódio quanto sentimento enfurecido que nasce em mim a cada dia como ervas daninhas que consomem todas as minhas virtudes.
Quero arrancar, bater e machucar, mas não há ninguém a quem pertença tal raiva, além de mim mesmo pelo fracasso de homem que sou.
Sinto repulsa de mim e daqueles que me amam, pois como podem amar um ser tão repugnante?
Sou indigno de piedade e compaixão. Carrego a fúria, o ódio, a raiva e ansiedade que não vejo suas raízes.
Possivelmente pertencem a minha essência impura e brotam a cada raiar do dia e ao cair da noite como uma doença que me diz que não irá embora.
Manzi, J.G,
2017
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