Como me pedis para o amor escrever?
O que é tão incontável e latente
Algo íntimo, alentado e potente
Como posso em letras prever
O quanto estrondoso, delicado e refinado
Esse sentimento sem dó em antever
A dor que me traz em demasia
E a louca espera de um novo dia
Para que teu corpo possa percorrer.
Com que direito tenho eu
De me dar ao luxo de ilustrar
Ao em vez de paciente observar
A peça que o destino deu?
Como em simples frases
Posso medir o furor
Que com fúria exalta a dor
Que em mil modos oculta as faces
Desse suntuoso cálice chamado amor?
Qual modo de traçar em brandas linhas
A lástima alegre em agonia anunciar
A aflição de que em fascínio aprendi a amar
Atrever-me em tais linhas assentar paixões minhas?
Cobra-me a atitude desumana de minutar
O sentimento que mesmo negado
Muitos aspirantes e calejados
Ainda insiste em glória gozar.
Desafia-me a provocar o majestoso
Obriga-me a contar o infinito
Empurra-me para o tão belo e monstruoso
Desafio de em letras definir o indefinido
Sujeita-me em tal arte a olhar para mim
Oh! Insuportável prática de buscar compaixão
E perceber que tal cálice não tem fim
E por tal obra atormentar o flagelado coração
Atira-me perante o meu ser
E em tal busca tão flamejante só não espero perecer.
J.G. Manzi.
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