quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

(Re) Encontro-me

Não tenho tido momentos fáceis, preciso de mais tempo comigo mesmo, não tenho a mesma força e sabedoria de antes. O que me falta, sou eu.
 Tenho me perdido aos poucos, e muitas vezes me vejo e não me reconheço.
Conquistas fazem parte, mas não me fazem melhor, apenas provam que a vida não te deu as costas.
Temos a obrigação de absorver isto e jamais perder nossa essência.
Quem já fui, quem jamais voltarei a ser, me lembro com demasiada saudade e tristeza de quem um dia hoje, me faria desistir de todas as vivencias e vitorias para se ter  uma única experiência daquela antiga alma: plena, sabia e solitária.
Dói o saber que quem eu me tornei fere completamente quem um dia fui. 
Atual, frouxo e corriqueiro, sem sair dos piores dos comuns.
Os anos passam e sinto falta da sabedoria anterior, que a cada dia se nubla mais, a ponto de não ser mais percebida por este ser que agora se faz de carne e de tudo o que ela consome.
Rezo para que um dia me reencontre, só então ei de me recuperar e realmente entender o ser que habita em mim.

Ana Motta

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Amargurada

A amargura que da vida tira sua docilidade
Traz a falta de leveza nas atitudes
Despreza dos outros as ideias e virtudes
Lamentável crença em perder a sensibilidade

Dotada de um olhar pesado
Contamina aos outros com seu azedume
Pois não existe nada além de seus costumes
Toma-te a alma e te deixa represado

Foge de teus demônios e de tuas bestas
Torna teu humor seco
Endurece-te e leva à decepção

Com rigidez e dureza enche tuas cestas
Carrega-as na cabeça e isole no teu beco
Mas se queres te libertar estou aberto com o coração 

Pois amparo é minha chegada
Se quiseres te livro de tuas cadeias
Planta o amor em tuas veias
E tome a felicidade, que só por ti, lhe foi negada


Manzi. J.G. 

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Coração Vagabundo

Este meu coração vagabundo
 Que teima em te amar,
Apaixonou-se por ti princesa
Sem sequer me avisar.

Não sei mais o que fazer,
Não sei mais o que pensar,
Sofro diante aos teus olhos
Que não aprendeu a me enxergar.

Faço-te sorrir a meu lado,
Escuto o que tens a dizer.
Às vezes te faço carinho
Mas sei que não posso te ter.

Sei que já tens outros braços,
Sei que não gosta de mim.
Mas o que eu posso fazer
Se o meu coração quis assim.

Este meu coração vagabundo
Que teimas em te querer
Ignora esse poeta,

Só quer me fazer sofrer.

Dy´Paula

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Enfim amar(te)

Não vejo a lua como lhe vejo
Mesmo ela dançando junto as estrelas
Não há estrelas se não há teu sorriso
Nem sol, nem ar e nem mar

Ver-te é contemplar o infinito do tempo
Percebo o quão breve e insignificante sou
Mas teu sorriso me abre um caminho
Recheado dos mais belos perfumes e espinho

Amar-te é ser o náufrago desejando a praia
É sentir falta de pela brisa leve ser engolido pelo mar
Ou no deserto compadecer clamando por água
Teu amor é recuperar o folego após se afogar

E em uma breve vida sentir o paraíso
Recostar na doce melodia de tua voz
E degustar teu beijo até a embriaguez
E assim refletir minha existência na sua

Amar-te é não esperar o futuro
Assim como esquecer as dores do passado
E velejar pelo instante em que te encontro
Amar-te enfim é me encontrar


Manzi. J.G.

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Além do horizonte, o amor

Quando a poeira baixar
E conseguir enxergar melhor o horizonte,
Verá com alegria
O quanto ainda tem a caminhar.

Quando retomar os passos
E desbravar novos caminhos,
Perceberá com euforia
Que apesar dos pesares, não estará sozinha.

Quando a nostalgia chegar,
E sem pedir licença, invadir seus pensamentos,
Lembre-se que ainda haverá horizontes e novos caminhos,
E sempre é tempo para recomeçar.

Quando sentir-se só
E as emoções lhe fizerem companhia.
Saiba que ainda há o amor,
E o amor, por si só, bastaria.

Dy'Paula

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

(Homenagem ao poeta de "Cisnes" Júlio Salusse) (1872/1948).

E na dança de um baile no Cassino
Pôde cruzar seus olhos com o divino
O anjo de cor dourada de castelã
Olhos negros, cabelos lindos e corpo louça

E em mais uma noite foi agraciado
O anjo deu graças em mais um baile estimado
Com suas vestes de rendas
Vieste de onde e de quem descendas

Pois tal esplendor a este mundo é revogado
Doce anjo, traz um sonho a tanto negado
Teus olhos atenuam a alma
A leve brisa que acaricia as faces e traz calma

A chuva que há muitos dias regam as flores
Enclausuram os tempos indolores
Então no tédio o anjo dourado vem em sonho
A alegria toma mais uma vez o coração tristonho

Então diante da chuva que não sessa
Uma afetuosa lembrança o peito atravessa
Delicado fruto que toma o peito diante do rio
Minutar a confissão é caçar o calor para sobrepujar o frio

Eis então que o soneto traz à lembrança
Da forma à amada e acarreta esperança
E da formosura das letras nasce os cisnes
Que dão cor aos dias a tantos tisnes

O poeta tem seu peito renovado com alegria
Um novo baile glorifica o dia
Pois o poeta irá celebrar seu anjo de olhos escuros
Pronto para fincar seu pé em porto seguro

Dança, conversa e ama, mas o julgamento limita o poeta
As palavras não dignificam a luz do corpo que dá forma a silhueta
A formosura da amada tem tamanha gloria
Que o amante não se vê além da escória

O doce anjo para o poeta era imortal
Que melhor forma o amor se torna atemporal?
Que não pelas palavras grafada e imortalizada
Pois para sempre por elas Laura será lembrada 

Manzi, J.G.

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

À primeira vista

Desde o momento que te vi
Senti algo estranho no ar.
Sua energia invadiu meus desejos,
Não pude mais me controlar.

Temia ao cruzar meus olhos com os seus,
Sentia calafrios ao me tocar,
Suas palavras viravam canções,
Queria que o tempo pudesse parar.

Sentia-me tão indefeso,
Tão sem reação.
Sentia-me tão contente,
Acho até que senti a paixão.

Deu impressão que já te conhecia,
Acho que estava a te esperar.
Ao te ver acabou-se a angústia,
Que voltou a nos separar.

Dy´Paula

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Cor Preta

E pela ganância do homem europeu
Foi-te arrancada do berço teu
Manchaste o azul do atlântico com teu sangue e carne
E nesta terra de abundância e atrocidade atracaste
Para servir aos homens brancos
Os nativos desta terra há tempos derramaram prantos

Por séculos o chicote estrala
Do pelourinho ao estupro na senzala
Dando a vida, o trabalho, o espírito
Com normas, leis, brancos prescritos

Construístes essa terra pela sua agonia
Mas com bravura também resistia
Mortos enterrados onde nem deus sabe
Pois há muito desejou que a tortura acabe

Mesmo com a áurea firmada
Que mais por interesses elitistas libertara
Ainda pagam o preço no tempo presente
Com a hipocrisia do homem que a injustiça consente

Quanta glória há no que herdamos de tua terra
Desde seu candomblé até a arte da capoeira
É de ser ter orgulho em ter teu sangue em minhas veias
Mas não reparará o sangue derramado pelo tempo e suas areias

Ainda tens que aguentar as injúrias de um povo branco
Povo branco e mesquinho enraizados em tradições que também herdamos
Ainda sofre, pois é a tua cor que tem as prisões
E os mesquinhos brancos ainda vendem suas ilusões

Ainda é da cor preta os corpos dos jovens assassinados
E o embranquecimento levam os homens alienados
Também a falta desta cor preta nas salas acadêmicas
A entrada nas salas elitizadas tem tom de injustiça endêmicas

Ser preto é lutar todos os dias
Para desafiar a falácia de democracia
É resistir todos os dias com orgulho da cor preta 


Manzi, J.G.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

O tempo

O tempo é um senhor difícil de tolerar
É tão cruel e  tão necessário
Um remédio amargo, mas que pode curar
Diz o velho ditado “o tempo cura tudo”

Tempo traz tantas assombrosas lembranças
Mas lembranças doces também vem e vão
Olhar o tempo é olhar a si mesmo
Ver as mudanças em seu corpo e espírito

O tempo filtra o que será esquecido e lembrado
Lidar com o tempo e suas amarras
É lutar para negar aquilo que se ama
Ou afastar o que se quer esquecer

Ah o tempo!
Olhar para seu abismo sem fim
Admirar angustiado seu céu com tantas oportunidades
Pode ser enlouquecedor e libertador

O tempo que transforma e conserva
Traz liberdade e esperança
E ao mesmo tempo as rédeas de tristezas
É difícil apreciar o tempo e o tolerar


O tempo é o mar sem fim que nos assusta e nos desprende

Manzi, J.G.

terça-feira, 14 de novembro de 2017

A liberdade da arte

A arte é como a água para o mundo
Tão essencial, fonte de vida
Torna o solo desnutrido fecundo 
Porém a arte não pode ser insípida 

O homem quer lhe moldar com sua corrente
Mas a arte nasceu para ser livre
A liberdade para a arte precisa ser latente
A arte sem liberdade não sobrevive

A arte pulsa no sangue dos homens
Traz ao mundo um novo gosto
Sabor que transcende as ordens 
A alma além do mero rosto

A arte diz mais a respeito ao seu artífice 
Expõe suas impressões, experiências e sentimentos 
Não podem a converter em idiotice 
Sua intimidade exposta a julgamentos 

A intimidade exposta revela a essência dos corações 
Com quais olhos se propõe a admirar a arte?
Um coração vazio de amor e repleto de retaliações 
Algo tão íntimo é merecedor de ódio por toda parte?

Se sua essência está repleta de ódio
Com ódio a arte se revelará 
Não haverá o que apreciar até seu exódio 
A experiência não te transformará

A arte e a liberdade caminham juntas
A liberdade de apreciar a arte não encerra as perguntas

Manzi, J.G.

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

A Chance

Se eu pudesse escrever sobre esse momento, 
O que será que eu iria dizer? 
Se eu pudesse moldar esse momento, 
O que será que eu iria fazer? 

Se eu pudesse enxergar contra a luz, 
O que será que eu iria ver? 
Se eu pudesse fazer o que eu quero, 
O que será que eu iria querer? 

Dê-me uma tela, 
Dê-me um pincel, 
Deixe-me só, 
Eu quero pensar. 

Dê-me uma pena, 
Dê-me um papel, 
Não falem nada, 
Eu quero viver. 

Tento me concentrar, 
Não consigo. 
Tento me libertar, 
Mas te persigo. 

Tento me encontrar, 
Não existo. 
Tentei te falar, 
Não me deu ouvidos. 

Quando me olho no espelho o que vejo? 
Só tristeza. 
Quando saio na rua, o que quero? 
Não percebo. 

Quando sorrio, gratuitamente, o que sinto? 
Desprezo. 
Quando choro, em silêncio, 
Padeço. 

Meu corpo, uma carcaça. 
Minha mente, vazia. 
Minha alma, cansada. 
Minha vida... 
Dê-me uma pena,
Eu quero escrever. 
Dê-me uma chance, 
Eu quero viver. 

Dy´Paula

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

A Praça

Naquele banco, um simples banco, 
Um banco como um banco qualquer. 
O banco em que nasceu meu amor, 
Onde esperou meu amor, 
A esperança ainda não acabou. 
Quem dera se esse banco falasse, 
Talvez pudesse consolar minha dor. 
Naquela praça, uma simples praça, 
A praça onde encontrei o meu amor, 
A praça onde me encontro, 
Onde realmente nos encontramos. 
Somo três, três vidas, três almas, 
Três amores, três dores, três campeões. 
A mochila, o caminho escuro de onde surge o vermelho, 
Meu companheiro. 
A praça, o banco, minha poesia, sua canção, nossa solidão. 
Juntos somos na verdade uma legião, 
Legião urbana, desumana, legião da razão. 
São tantos personagens, amores, perdições, 
São tantas vitórias, prazeres, paixões. 
São tantos, 
Somos três, 
Veja! Sobrou nós três. 
A praça, o banco e vocês. 
Só nós três

Dy´Paula

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Máscaras

Vivemos em mundo de máscaras
Quem não as usa fica vulnerável
Se torna o monstro quem se escancara
Ser sincero se torna censurável

Em um mundo de atrocidade
O maior pecado é não ceder a ninguém
Pagar o preço da autenticidade
É preferível se moldar às ideias de outrem?

As máscaras se tornam as matrizes
As faces desejadas pelos ignorantes
As vestes falsas cobrem corpos infelizes
Enclausurados nas peles farsantes

Os audaciosos que rompem os disfarces
São julgados por sua legitimidade
De não ocultar suas faces

Mas quem aguenta viver sem identidade?

Manzi. J.G.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Na mata

Lembrança que não se esgota
Do verde abundante e calmo
Do cheiro doce da amora
O canto dos  pássaros como ensalmo

A brisa suave no rosto
Me aconchegando na árvore
Da fruta seu doce gosto
Longe do frio do mármore

Saudade de pelas folhas olhar o sol
Na natureza escutar ao fundo o riacho
Purificando-me como a prata no crisol
O frescor que me quieta o facho

A falta do aroma da madeira
Do cair da noite com seus grilos
Aguardando a chuva criadeira
E a mente assim medita junto aos trilos

E assim me encontro na mata
Ao som suave da viola
Na fogueira que o frio arrebata

E é assim que a saudade da mata assola

Manzi, J.G.

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Aos Mestres

A humanidade há muito busca a eternidade
Homens são eternizados em grandes obras
Livros que alcançam a posteridade
Volumes cravaram letras rubras

Mãos que transpassam o tempo
Que levaram os homens além dos séculos
Trouxeram as culturas seu supempo
Deram aos olhos seus crédulos

Almas que se eternizam com sangue
Que cravam seus nomes nas lutas
Que deixaram seus corpos exangue
Depois de se exaurirem nas labutas

Mas há os mestres
Que repousa naquele que não se conforma
Que se eternizam como artes rupestres
Cravam seus saberes além da mera norma

Mestres que dão encanto ao ensinamento
Que têm sua essência a esperança
Que seguem construindo seu monumento
Aprendendo e ensinando, se firmando na lembrança

Mestres que mesmo em condições tão adversas
Laboram cotidianamente buscando a transformação
As mentes nas desigualdades imersas
Mas o sonho segue e se firma na ação

Manzi, J.G.

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Cantos, goles e tragos

Os carros vão passando 
Estou em mais um gole
O luar está me esperando 
Enquanto exalo o fogo do meus pulmões 


As pessoas ao redor riem 
Por um instante parecem felizes 
Mas as vezes o exagero das risadas 
Escondem os olhos tristes 


Mais um gole e não descanso 
Minha mente não fraqueja
Sei onde quero estar, 
sei com quem quero estar
Então sobre a luz do luar sigo só 


Seria a timidez talvez 
Ou simplesmente o gosto de seguir sozinho 
Mas sigo me acompanhando, observando e matutando 


Mais um gole e não me sinto embriagado
A música suave no fundo 
Me remete a delicadeza de alguém 
Está na hora de mais um trago


Minha amada boêmia 
Quanto encanto você tem
Entre goles, tragos, cantos e abraços 
Me faz político do proletariado 
Poeta dos apaixonados 
Mestre dos interessados 
Amigo do abandonado 


Perecerei entre teus braços, boêmia 
Mas existe partida melhor entre abraços, cantos, goles e tragos? 

Manzi, J.G.









quarta-feira, 4 de outubro de 2017

(Des) encontros

Quantas noites passei chorando
Tantos bares me encontrei vagando
Me aventurei em becos escuros
Buscando desejos noturnos

Tentando encontrar a serenata certa
 Deixando a melodia em alerta
Implorando pela dádiva das flores
presente com as mais lindas cores

Mas nem a mais bela e perfumada flor
Meu anjo,  nada se compara ao teu valor
Me perdendo em tantos goles
Explorando por tantos vales

Amar-te é apreciar das coisas mais simples ao mais majestoso
O amor que sempre assume gosto de mel tão penoso
Amar-te é te encontrar nos meus gestos
Respirar, andar e sonhar até no que sobrar de meus restos

Pois de tanto vagar me entregando a própria sorte
Quero que o meu amor sobreviva até a além da morte

Manzi, J.G.








quarta-feira, 27 de setembro de 2017

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Para uma classe

Aos livros dei dedicação
Mas a ação foi minha chegada 
A chegada é a transformação 
Para uma classe tão exploradora

Pois trabalho é essência
Onde o homem se afirma
Mas disso não tem ciência
Pois o emprego o confina

Lamentável, individual 
Pois junto tem grande poder
Com luta e ideal 
Vi a força florescer

Pensar não é o bastante
Ação é o que nos impulsa.
Às rédeas é obstante 
corrente, a expulsa.

Manzi, J.G

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

A Poesia

Descrever-te, como se possível fosse, 
Para que fosse possível te descrever. 
Decifrar-te, como se lhe invadisse a intimidade, 
E deflorada preserva-se ainda com pudor tua alma cifrada. 
Declamar-te, com drama e sem trama para lhe expor. 
E dramática te calas para não revelar a trama de teu existir. 
Escrever-te para que fosse possível 
Invadir sua intimidade 
E decifrar seu pudor sem lhe expor. 
E deflorada trama o drama de existir. 


Dy’Paula 
01/11/2016 

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Deixe o amor, amar

É deveras desastroso
O pensamento de homens ignorantes
Que teimam em achar honroso
Tornar o amor coisa de meliantes

Qual ideia habíta uma mente
Que de forma tão impensante
Julga o amor tão debilmente
E toma posições tão farsantes!

A farsa que oculta o sentimento de revolta,
Revolta pela felicidade que outrem desfruta,
Por isso tendem a escolta
Justificando, inclusive, a força bruta.

A lamentável irracionalidade
Tratando o amor com brutalidade
Embutindo-o de um gosto amargo
Deixando em estágio de letargo.

A inveja de as ver com alegria
Em prontidão contra a sociedade
Enfrentando toda hipocrisia
De quem veste a farsa da idoneidade.

O amor de quem se dispõe é mais intenso
O valor do amado é mais respeitado
Quem à luta está mais propenso.
Tende a ter o amor desfrutado.
  
Deixe-a a amar
Deixe-o o amar
Seja ela e ela o par
Seja ele e ele a conjugar
Sejam eles e elas a se deleitar
É direito desejar e ser desejado
Por quem anseio ser amado.

Manzi, J.G.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

O jardim do amor

Que bom que vieste!
Esta vida já não tinha graça sem ti.
Vieste na precisa hora em que 
Carecíamos de teu amor.

Verás o quão preciosa será 
Tua existência.
Faremos de nós a família
Que quiseste viver.

E porque vieste,
Trouxeste paz e união.
Calou em nós a angústia
E a dúvida do querer-te.

Que bom que vieste!
Já não suportávamos mais esta vida sem ti.
E porque vieste, conhecemos em ti a magnitude
E a flexibilidade de nosso amor.


Dy’Paula
21/05/2017

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Minha naçāo

Vejo escorrer pelo esgoto
O último bastião da moralidade de meu povo.
Vejo nos semblantes descrença e desilusão,
Sintomas do desespero que acomete toda nação.
O que não vejo é uma reação
Proporcional à odiosa ação.
O que não vejo é um imaculado
Capaz de erguer a bandeira da dignidade.
Quanto mais me interesso pelos fatos
O que vejo é a identificação.
Quanto mais enojado fico
Mais percebo a minha participação.
Nós somos o que fazemos,
Somos o que queremos,
Somos o que projetamos,
E por assim sermos, assim estamos.
E o esgoto, pútrido e fétido,
Enche-se de nós,
Que escorremos entre seus tubos,
Contaminando nossa existência, a caminho do fim.

Dy’Paula
06/05/2017

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Árvore Alienada

Vê-se hoje a lástima derrota
Filhos de uma geração sem forma
Descendência do silêncio que aflora
Aflora se espalha e no escuro jorra.


Arvore que cresce sem sementes
Com frutos sem sabor
E devastas flores sem cor
Somos hoje de modo plenos dementes.


Sem horizonte sem sol sem ponte
Que nos leve para algo que nos conforte
Que os gritos sejam ouvidos em tom forte
Gritos unificados que nasce de diferentes fontes.


Frutos de árvores mortas sem sabor
Que nasce cresce e passa com pudor
Mais uma gota de vida que falece
E dá lugar a outra vida morta que floresce.


Galhos com ângulos retos
Teimando seguir caminhos incertos
Embirrando a sentir um novo ar
Com aromas que servem para encorajar
Cheiro que às vezes te ergue mais forte, belos e plenos.     
                                     

Manzi, J.G.

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

República do Brasil

Ai de ti república!
Nasceste para ser abusada, usada, violada
e usurpada indiscriminadamente.
Tornaste prostituta, sem luxo,
Não por obra do acaso,
Mas por tua vocação de ser estuprada,
E ter que aguentar calada esta promíscua orgia pública
Sem ter nem a quem recorrer.

Ai de ti república!
De tanto dar, e todos os tipos de violência aguentar,
Já não sabe nem distinguir o agressor.
Te sentes culpada por ter parido os filhos
Que incestuosamente violam-te,

E por serem teus próprios filhos,
E por serem tantos e de todos os credos, classes, raças, posições e rincões,
Aceita o teu destino e deita-te em berço esplêndido.

Ai de ti república!
Surgiste da exploração
E para isso te pôs a prestar.
Terra fértil onde, apesar de inútil, tudo dá.
Dá tanto e tão sem escrúpulos
Que já não se sabe onde isso vai parar.
Se é que vai parar.
Antes fosse reprivada, privada deste mundo imundo.
Pois como pública república,
Sem querer ofender a honra das putas de profissão,
Tornaste vadia a serviço do patrão.

Dy’Paula

10/06/2017

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Sorriso

Oh sorriso!
Que demora em chegar
Por tal esplendor não aguento esperar

Humildemente és fascinante 
Como uma visão deslumbrante
Que me deixa insano
Puramente humano.

Traz-me alegria e paz 
Que deleitoso prazer me traz
Como a fruta doce com um gosto afável
Gosto que pela minha alma é tão apreciável. 

Oh alma! Tenha piedade e confia
Aguarde o milagroso dia
Confia no destino, seja padecente 
Para que eu posso me deleitar, seja paciente. 

Oh dor! Escuta a minha súplica
Sei que se delícia com tal música
Melodia que me corrói e me traz enfermidade 
Mas me dê este sorriso e me traga felicidade. 

Manzi,J.G.

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Tempo de flores

É tempo de apreciar as flores
Tempo de abandonar as dores
Chegada a hora de sentir o ar puro
Tempo de abandonar o caminho obscuro

Vem chegando a hora de sonhar aliviado
De descansar meu corpo flagelado
Assim como inocente criança
É hora de retomar a esperança

De com minhas mãos pálidas sentir minhas feridas
Mas não me envergonhar de minhas derrotas sofridas
Mas de contemplar o tempo que percorri
De lembrar com saudade os sonhos que perdi

Tempo de olhar as flores mas não de forma repentina
Mas de aguardar a passagem lenta da neblina
E com entusiasmo e expectativa finalmente apreciar as cores
Elas que tomaram o lugar de intermináveis dores

Elas as flores com suas cores que um dia murcharão
porém é tão certo quanto a luz do dia que outras flores virão

Manzi, J.G.

terça-feira, 29 de agosto de 2017

TAUTOGRAMA


Se pelas lágrimas latentes que lesaras, de longes levas meu louvor, que de lamentar a lua que lera meu lastimar e se lembrara de levar o meu lamento ao limiar de tua lembrança. 
Que lábios letais que em minha languidez em breve leito de loucura de luz me lembrara à liberdade leviana.

Manzi,J.G.

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Tempo de luta

Matuto sobre as coisas do mundo 
Perdido em caminhos profanos 
Buscando um abismo profundo 
Onde há luz dos insanos  

Pois tal insanidade retira 
O que a realidade acoberta 
O que é mostrado é mentira  
De forma imediata se projeta 

A realidade é cuspida 
Nossos olhos a aceita 
Mas à alma é extraída 
Contorce-se e a rejeita  

Nossas mãos não se calam  
As vozes não se prendem  
Os ideais não se matam  
E aos golpes não se rendem  

Saudade desse tempo 
Tempo de luta e visão  
Onde se fazia o momento 
E a mudança no coração  

Pois hoje há calmaria  
Mas ainda há indignação  
Certo de que um dia 
Outros caminhos virão  

Manzi, J.G

Saudades

Ah essa saudade
Tamanha que não vai embora
Saudade daquela idade
Mas ainda assim ela demora

Nunca é passageira
Vivi a me importunar
Eterna companheira
Que não se cansa de me encontrar

Ah saudade interminável
Tipo branda e sorrateira
Raivosa e infindável
Breve e passageira

Foram-se os dias da simplicidade
O tempo da brincadeira
Os atos de ingenuidade
E a pueril choradeira

Saudade do colo e da canção
Do carinho terno e delicado
Da longa imaginação
Do brinquedo empoleirado

O homem desses dias advém
O quanto doce e amargo é acertado
Mas a alegria que outrora tem
Isso nunca mais é saboreado


Manzi, J.G

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Do inicio ao fim?

Olhares precisos  
Relações sucintas    
Tímidos sorrisos  
Conversas concisas  

Olhares alongados  
Aspirações de meninos  
Toques propositados  
Sorrisos repentinos  

Olhares intermináveis  
Abraços extensos  
Saudades infindáveis  
Beijos intensos 

Olhares molhados 
Esperas inacabáveis 
Corações apertados  
Sonhos admiráveis  

Olhos fechados 
Mente além  
De sonhos rodeados 
A espera de alguém  

Mãos carinhosas 
Gestos delicados 
Carícias afetuosas  
Beijos alongados  

Olhos marejados 
No peito há dores 
Risos calados  
Seca-se as flores  

Beijos domados  
Toques distantes  
Corações destroçados  
Sem a felicidade de antes 

Da alegria de outrora 
Só resta a aflição  
A saudade que demora  
Debulha o coração  

Só resta contar os dias 
E de dor sofrer calado 
Pois se foram as alegrias 
E morro saturado.  

Manzi, J.G

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Desafio

Como  me pedis para o amor escrever?  
O que é tão incontável e latente  
Algo íntimo, alentado e potente 

Como posso em letras prever  
O quanto estrondoso, delicado e refinado 
Esse sentimento sem dó em antever 
A dor que me traz em demasia 
E a louca espera de um novo dia 
Para que teu corpo possa percorrer.     

Com que direito tenho eu 
De me dar ao luxo de ilustrar 
Ao em vez de paciente observar  
A peça que o destino deu?  

Como em simples frases 
Posso medir o furor 
Que com fúria exalta a dor 
Que em mil modos oculta as faces 
Desse suntuoso cálice chamado amor?  

Qual modo de traçar em brandas linhas
A lástima alegre em agonia anunciar 
A aflição de que em fascínio aprendi a amar  
Atrever-me em tais linhas assentar paixões minhas?   

Cobra-me a atitude desumana de minutar 
O sentimento que mesmo negado  
Muitos aspirantes e calejados   
Ainda insiste em glória gozar.  

Desafia-me a provocar o majestoso 
Obriga-me a contar o infinito 
Empurra-me para o tão belo e monstruoso 
Desafio de em letras definir o indefinido   

Sujeita-me em tal arte a olhar para mim 
Oh! Insuportável prática de buscar compaixão  
E perceber que tal cálice não tem fim 
E por tal obra atormentar o flagelado coração  

Atira-me perante o meu ser  
E em tal busca tão flamejante só não espero perecer.  

J.G. Manzi.   

TAUTOGRAMA II

Fosse pela feracidade da feroz fera que pelo filhote faminto faz com fervor a ferida 
fatal, ou fosse pela fabulosa flor que fluí forte e fascinante que me faz fantasiar feliz a
face fiel que fitei, e fui falho ao fingir o fascínio flamejante que me foi fadado.

Manzi, J.G.

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Despedida

Sigo na solidão 
Num vazio imerso
Imerso numa vastidão 
Meu desejo era tão inverso

Sigo com este desejo 
Desejo meu esse que não cessa 
A solidão é o ensejo 
E só uma saída me resta

Sigo num pesadelo, mergulhado 
E a saída parece tão distante 
Sinto como se à morte estou fadado 
Fraco, sem força obstante

Se sorrir não te faço mais 
Só o perdão me resta 
Se o carinho já não te satisfaz
Teu olhar já me atesta

Então aqui no vazio 
No vazio extremo 
Sem alarde, sem nenhum pio 
Aqui me espremo

Na dor amargado 
E os dias vão, lento 
Meu corpo esburgado 
E assim parto, como vento

Sutilmente me esvazio 
Silenciosamente parto assim 
Rompo com o ultimo fio 
E agora sigo no fim

Manzi, J.G.

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Inocência

Ainda preservo minha inocência
Esse meu lado leve e inocente
Que teima em pedir clemência
E abandona meu jeito indecente

Escondo-me atrás da doçura
De um sorriso leve
Por meio da ternura
Passo assim, breve

Quase sem ser notado
Calmo e sorrateiro
Disforme e delicado
Sempre sendo certeiro

Ainda preservo minha inocência
E trago comigo o choro
A dor com sua indecência
Que quase me arranca o couro

Essa que o sorriso me arranca
No peito deixa sua ferroada
Meu sangue nunca a estanca
Assim segue sem ser atenuada

Ainda preservo o desejo
O sonho que ainda teima
Aguardo o feliz desfecho
Igualmente meu tempo queima

Tempo! Já não o aprecio
Mesmo assim a cobiço
Assim fico por um fio
E meu choro desperdiço

Manzi, J.G.

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Espalhado em porções

Ao despertar sinto o peito apertado
Mas sinto a mente em expansão
Por fitar o tempo calado
Ampliando o coração

Sinto-me grande
Mas o mundo pequeno
O sufoco intrigante
Que me engaiola ao extremo

E o tempo que passa
Não escuta o lamento
Assim a desgraça
Me traz o tormento

As grades me adornam
As rédeas me puxam
E assim me entornam
Mas as ideias pulsam

Assim me despedaço
E fico em vários rasgos
A grade do mundo é aço
E eu apenas retalhos

Que tristes essas canções
Canções para partir assim
Espalhado em porções
Em cada canto meu triste fim

Manzi, J.G

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